Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
11/05/2001 | 03/11/2000 | 3 / 5 | 3 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
126 minuto(s) |
Dirigido por Robert Redford. Com: Matt Damon, Will Smith, J. Michael Moncrief, Charlize Theron, Bruce McGill, Joel Gretsch, Harve Presnell e Jack Lemmon.
Lendas da Vida, novo filme de Robert Redford, pode ser considerado uma empreitada bem-sucedida, já que narra uma história agradável que prende a atenção do espectador durante toda a sua duração. Em contrapartida, também pode ser interpretado como um fracasso, já que, no final das contas, revela-se incapaz de despertar a emoção de quem o assiste - o que era um dos objetivos óbvios do cineasta.
Baseado em um livro de Steven Pressfield, o filme gira em torno de Rannulph Junuh (Damon), um rapaz que, aos 16 anos, é consagrado como um dos golfistas mais promissores de sua época. Depois de lutar na Primeira Guerra Mundial, no entanto, ele torna-se um alcoólatra e abandona a noiva, a bela e rica Adele Invergordon (Theron), e o golfe. Vários anos depois, Junuh é convocado pelos habitantes de Savannah, sua cidade natal, para disputar um torneio organizado justamente por Adele, que está tentando recuperar seus bens depois que o pai cometeu suicídio durante a Grande Depressão. Sem confiar no próprio talento, o rapaz passa a contar com o auxílio de um sujeito misterioso, Bagger Vance (Smith), que utiliza o jogo como verdadeira metáfora da vida.
Sempre competente, Redford leva a sério a palavra `lenda` presente no título de seu filme e confere um clima fantasioso à história, desde a elaboração caricata de alguns personagens até os diálogos rebuscados - em certo momento, alguém chega a dizer: `Corra, garoto! Vá com as asas do vento em teus pés!`. Além disso, a bela trilha instrumental da sempre eficaz Rachel Portman ajuda a estabelecer um clima de cômica euforia em algumas seqüências que, de outra maneira, provavelmente assumiriam contornos dramáticos, como na cena em que Junuh e Adele discutem seu passado. Aliás, até mesmo a introdução de Bagger Vance na história é feita de maneira enigmática, como se este surgisse do nada.
Outra proeza de Lendas da Vida é fazer com que o espectador não-familiarizado com as regras do golfe se interesse pelas estratégias adotadas pelos jogadores retratados no filme e pela própria mecânica da disputa. Assim, mesmo sem compreender o significado de termos como duffs, tops ou skulls, a platéia acaba se envolvendo no jogo e, conseqüentemente, com a história. Além disso, as tomadas nas quais acompanhamos o `ponto de vista` da bola são belíssimas, mesmo que se tornem repetitivas com o passar do tempo.
Infelizmente, o roteiro de Jeremy Leven falha no desenvolvimento dos personagens, que parecem esquemáticos demais: temos o mocinho que precisa enfrentar seus traumas; a mocinha determinada a superar as adversidades; o homem sábio que encerra grandes conhecimentos em seu jeito simples; e assim por diante. Para complicar ainda mais, o roteirista se esquece de estabelecer algum personagem com quem o espectador possa se identificar, já que Junuh jamais se deixa desvendar e Vance é, obviamente, um ser `espiritual` que ali está para ensinar. A única alternativa neste caso seria a identificação com o garotinho Hardy Greaves (o ótimo J. Michael Moncrief), que se tornará o narrador da história. Porém, este jamais abandona o posto de mero observador. Com isso, Lendas da Vida se torna um filme `impessoal`, impedindo nosso pleno envolvimento emocional com a trama.
E isso é uma pena, já que esta produção conta com excelentes atuações de todo o elenco e com uma belíssima fotografia do veterano Michael Ballhaus, que já havia colaborado com Redford em Quiz Show - A Verdade dos Bastidores. Quando a história chega ao fim, porém, a impressão que fica é a de que Lendas da Vida percorreu um longo caminho e não chegou a lugar algum. E sua aparente falta de propósito representa, indubitavelmente, sua grande fraqueza.
25 de Maio de 2001