Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
20/11/1998 | 29/07/1998 | 3 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
139 minuto(s) |
Dirigido por F. Gary Gray. Com: Samuel L. Jackson, Kevin Spacey, John Spencer, David Morse, Ron Rifkin, J. T. Walsh, Regina Taylor, Paul Giamatti.
A melhor seqüência de tiroteio que Hollywood já produziu está, em minha humilde opinião, no filme Fogo Contra Fogo e acontece logo após o assalto comandado por Robert De Niro. No entanto, sempre que procuro me lembrar da cena mais marcante daquele filme, a seqüência em que De Niro confronta Al Pacino em um restaurante surge imediatamente em minha cabeça. É um momento extraordinário, onde duas personalidades que conhecemos bem (o roteiro de Michael Mann é extremamente bem sucedido no propósito de nos familiarizar com os protagonistas) travam um diálogo afiado, expondo seus pontos-de-vista e tentando convencer um ao outro de abrir mão de seu plano.
Quando fui assistir a A Negociação, minha maior expectativa estava no `duelo` a ser travado entre os personagens de Kevin Spacey e Samuel L. Jackson. Saí frustrado do cinema. Neste filme, Jackson interpreta um detetive que é acusado injustamente de ter matado seu parceiro a fim de encobrir o desvio de uma pensão de fundos da polícia. Acuado, ele não vê outra saída a não ser tomar seus acusadores como reféns e exigir que uma `testemunha-chave` seja encontrada a fim de provar sua inocência. É então que entra em cena Chris Sabian (Spacey), um negociador cuja especialidade é justamente convencer seqüestradores e terroristas a se entregarem depois de libertarem seus reféns.
Porém, as coisas não são tão simples assim: acontece que o personagem de Jackson era, também, um negociador - portanto, familiarizado com as técnicas empregadas por Sabian. De fato, uma das melhores seqüências do filme é aquela em que Jackson `desafia` um outro negociador a tentar convencê-lo a se entregar.
Um dos maiores equívocos do roteiro escrito por James DeMonaco e Kevin Fox é justamente o fato de que os personagens de Spacey e Jackson não são, na verdade, antagonistas. Assim, o que poderia se tornar um instigante duelo de duas mentes argutas e habituadas ao diálogo se torna, praticamente, um bate-papo sem brilho que serve como contraponto para as inúmeras seqüências de ação. Para piorar, o filme tem uma introdução arrastada que não contribui para a história, levando uma eternidade para apresentar o personagem de Spacey e para entrar na trama principal.
A direção de F. Gary Gray é correta - e só. Seguro nas seqüências de ação, ele não desenvolve bem seus personagens e deixa bastante a desejar ao apresentar as `confrontações` entre Spacey e Jackson. Já a fotografia de Russell Carpenter é ótima - principalmente nas tomadas aéreas - e explora bem o principal cenário do filme: o prédio no qual os reféns são mantidos presos.
Em A Negociação, Samuel L. Jackson tem um bom desempenho, mas começa a dar sinais de limitação ao se manter sempre preso ao mesmo tipo `durão` que vem fazendo sistematicamente em seus últimos trabalhos. Neste campo, Kevin Spacey tem se saído bem melhor e é, sem dúvida, o destaque deste filme. Seu Chris Sabian mostra ter a mesma segurança e eficiência que o `caça-fugitivos` de Tommy Lee Jones demonstra em O Fugitivo. Seria interessante ver um outro filme protagonizado por este personagem. Já John Spencer interpreta, pela milésima vez, um chefe de polícia e não acrescenta muito à história. Além disso, vale a pena ressaltar a boa atuação de J. T. Walsh neste que acabou sendo seu último trabalho - aliás, o filme é dedicado ao ator.
Recheado de clichês, A Negociação ainda oferece um final forçado, `hollywoodiano` demais. A propósito, uma pergunta: quando será que os diretores americanos vão perceber que não há nada de original em terminar um filme mostrando uma ambulância abandonando, com suas sirenes ligadas, o local onde a cena final da história se passa?
No final das contas, este é apenas mais um bom filme de ação - e só.
7 de Outubro de 1998