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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
14/07/2000 17/03/2000 4 / 5 3 / 5
Distribuidora
Duração do filme
98 minuto(s)

Premonição
Final Destination

Dirigido por James Wong. Com: Devon Sawa, Ali Larter, Chad Donella, Kerr Smith, Kristen Cloke, Seann William Scott, Amanda Detmer, Daniel Roebuck e Roger Guenveur Smith.

Premonição é um filme de terror adolescente. Com isso, quero dizer que esta é mais uma história na qual um bando de adolescentes passa a ser perseguido por algum vilão impiedoso (e, na maioria dos casos, de origem sobrenatural) que insiste em matar suas vítimas com requintes de crueldade. Como de costume, os personagens de produções como esta refletem invariavelmente os mesmos estereótipos: a mocinha bonita e valente; o jovem herói apaixonado que é capaz de tudo para salvá-la; o sujeito brincalhão que não leva nada a sério; e, é claro, um rapaz encrenqueiro que fará de tudo para irritar o mocinho. Nestes aspectos, Premonição não acrescenta nada de novo ao gênero.

Porém, o filme é bem-sucedido naquele que é o quesito mais importante para este tipo de produção: assusta (mesmo que, na maioria das vezes, isso aconteça em função da trilha sonora - algo sobre o qual já falei em minha crítica a Pânico 3). Mas os sustos não representam o ponto alto de Premonição. Na verdade, este longa-metragem de estréia do diretor James Wong (veterano da série Arquivo X) se sobressai ao investir suas energias na criação de cenas tensas, não assustadoras. A diferença básica é que, ao invés de saltarmos na poltrona de vez em quando, agarramos os braços da poltrona durante boa parte da história.

Mas vamos à trama: Alex Browning é um rapaz que está prestes a viajar para a França ao lado de mais quarenta colegas de colégio. No entanto, momentos antes da decolagem, ele tem uma forte premonição de que o avião em que se encontra irá explodir, matando todos a bordo. Apavorado, resolve desembarcar e, na confusão, mais seis pessoas acabam perdendo o vôo - que realmente termina em desastre. A tragédia altera profundamente a vida dos sete `sobreviventes` e Alex passa a ser considerado `esquisito` por todos em seu colégio. É quando os jovens começam a morrer, um por um, em função de estranhos acidentes e o rapaz percebe que a Morte não aceitará ser enganada tão facilmente. Agora ele terá de se esforçar para evitar que seus amigos sejam vítimas dos macabros `desastres` orquestrados pelo destino.

Um dos fatos mais curiosos em Premonição é que jamais vemos a vilã (leia-se: dona Morte). Enquanto os assassinos de filmes como este possuem sempre suas marcas registradas (as luvas e o rosto queimado de Freddy Krueger; as máscaras de Jason e Ghostface; e por aí afora), aqui percebemos a aproximação do bandido simplesmente através de alguns detalhes como, por exemplo, o surgimento de uma brisa repentina. Há, também, a insinuação de um reflexo distorcido, mas isso nunca fica claro o bastante para ser configurado como uma `presença` na tela. Seja como for, o diretor consegue estabelecer a chegada da Morte com grande eficácia durante toda a trama.

Outro ponto forte da direção é a cena inicial, que se passa em um avião. Extremamente tensa e bem montada, a seqüência cria uma expectativa que estabelece o tom de todo o filme. O curioso é que este clima de tensão não surge em função de nossas dúvidas sobre quem vai morrer ao longo da história, mas sim sobre como elas vão morrer, já que o herói logo arranja uma maneira de estabelecer a ordem em que os `acidentes` ocorrerão (uma manobra forçada do roteiro, mas que acaba funcionando).

Em contrapartida, o filme também nos oferece momentos de pouca inspiração, especialmente no que se refere aos fracos diálogos (em certo momento, uma personagem diz: `Meu pai morreu e minha mãe não quis ter mais filhos. Que se foda a morte!`). Além disso, Wong falha como diretor de atores ao não exigir que Devon Sawa demonstre um pouco de emoção ao ver o corpo do amigo no necrotério - que, aliás, serve de cenário para uma cena ridícula com o médico legista vivido por Tony Todd, de O Mistério de Candyman. E apesar das mortes de Premonição serem elaboradas e bem coreografadas (sim, a palavra é mesmo `coreografada`), a cena que retrata o `assassinato` da professora dos adolescentes é tão exagerada que chega a se tornar hilária (me lembrei da seqüência inicial de Corra Que a Polícia Vem Aí, quando O.J. Simpson é baleado, prende o pé em uma armadilha para ursos, queima-se na lareira, é atingido na cabeça, suja-se com tinta fresca, enfia a cara em um bolo e cai no mar).

Apesar de tudo, o filme nos surpreende com algumas curiosas reviravoltas e ainda chega a levantar algumas questões interessantes, como no momento em que uma personagem diz não conseguir viver com tranqüilidade por se culpar pela morte de um amigo (ela insistiu para que ele voltasse para o avião). Além disso, Premonição é uma verdadeira raridade entre os filmes de terror adolescente por não trazer cenas de sexo ou de nu gratuitos. Some a estes fatores o bom humor da narrativa e você terá um ótimo passatempo para as tardes de sábado. Ou de domingo, ou segunda, ou terça...
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3 de Agosto de 2000

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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