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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
26/07/1996 21/06/1996 2 / 5 2 / 5
Distribuidora
Duração do filme
115 minuto(s)

Direção

Chuck Russell

Elenco

Arnold Schwarzenegger , James Caan , Vanessa Williams , James Coburn , Robert Pastorelli

Produção

Anne Kopelson

Fotografia

Adam Greenberg

Música

Alan Silvestri

Montagem

Michael Tronick

Design de Produção

Bill Kenney

Figurino

Richard Bruno

Direção de Arte

William Ladd Skinner

Queima de Arquivo
Eraser

Dirigido por Charles Russell. Com: Arnold Schwarzenegger, James Caan, Vanessa Williams, James Coburn, Robert Pastorelli.

Queima de Arquivo marca o retorno de Schwarzenegger ao seu berço original: filmes de ação intensa, repletos de efeitos especiais. Mas talvez o astro de O Exterminador do Futuro devesse ter esperado um pouco mais.


Eraser tem todos os ingredientes que um bom filme de ação deve ter: tiros, explosões, uma mocinha bonita e indefesa, um vilão perverso, dezenas de efeitos especiais mirabolantes, um herói forte e aparentemente invulnerável e um parceiro bem-humorado para este herói. No entanto, nada parece funcionar neste primeiro grande trabalho do diretor Russell após o sucesso de O Máskara.

John Kruger (Schwarzenegger) é um especialista em `apagar` testemunhas sob proteção federal, ou seja, ele deve simular a morte destas testemunhas para que elas não corram verdadeiro risco de vida. Logo no início do filme temos a oportunidade de ver Kruger em ação, salvando duas destas testemunhas de uma morte iminente. Após salvá-las, ele coloca dois cadáveres no lugar delas e bota fogo na casa, após chamar a polícia. O cenário está perfeito. Logo depois ele entrega as duas testemunhas para alguns `colegas` de serviço, que tentam acalmá-las: `Relaxem. Vocês foram apagados.`

Esta primeira seqüência de Queima de Arquivo é, também, a melhor. Por alguns breves minutos acreditei que aquele seria um bom entretenimento. Mas o diretor Russell parece ter resolvido frustrar nossas expectativas. A partir daí o filme cai numa mesmice total, quando uma nova testemunha, Lee Cullen (Williams) precisa da proteção de Kruger. Aliás, é aí que percebemos a fragilidade do péssimo roteiro de Tony Puryear e Walon Green, quando o chefe de Kruger diz para o herói que a ficha de Cullen é um `recorde` - ela é a pessoa mais honesta que eles já tiveram que proteger. É claro que ela também será uma bela mulher e que ficará atraída por Kruger. (Qual é o problema destes roteiristas atuais? Uma mulher desonesta não pode ser alvo de atenção por parte do mocinho? Sei que seria pedir demais que ela fosse feia ou, pelo menos, comum. Mas precisava ser tão... mocinha?! Onde estão as bad girls que já marcaram época no cinema? Faye Dunaway, em Bonnie e Clyde, por exemplo.)

Mas aí alguém pergunta: `Espere aí! Como é que um filme de ação constante pode cair em uma `mesmice total`? O filme não tem ação, então?` É claro que tem. Tem até demais. Se há alguém procurando um filme de ação constante e história inexistente, este é o filme. Existem cenas fabulosas, sim, como o tiroteio no zoológico, ou a cena em que Schwarzenegger pula de um avião sem pára-quedas. Aliás, esta cena em especial é uma das únicas que se sobressaem no filme. É hilariante ver uma variação original para a famosa cena do `mocinho-atirando-com-seu-revolver-na-direção- de-um-carro-em-alta-velocidade-que-avança-rapidamente-em-sua-direção`. Mas o restante do filme é preenchido por um corre-corre desenfreado e, ao meu ver, entediante.

Os efeitos visuais são de primeira qualidade. É claro que há algumas cenas em que podemos perceber claramente o uso do blue screen (a própria cena do avião), ou de animações feitas em computador (como os crocodilos), mas em geral o resultado é ótimo. As armas que disparam `alumínio a uma velocidade um pouco inferior à velocidade da luz` também são atrações à parte. Quanto ao visual, este filme não deixa nada a dever a True Lies, também com Schwarzenegger.

Agora, quanto à inteligência deve, e muito. Em primeiro lugar, True Lies tinha a qualidade de não se levar a sério. O diretor James Cameron sabia estar lidando com um tema que, apesar de repleto de ação, brincava o tempo todo com as próprias impossibilidades. Já Charles Russell cometeu o grave pecado de acreditar estar lidando com um típico thriller de ação. Ora, o personagem de Schwarzenegger tem sua mão direita atravessada por um prego, o ombro esquerdo gravemente ferido por uma bala e, mesmo assim, é capaz de segurar Vanessa Williams com a mão direita e suportar o próprio peso e o da garota com o braço esquerdo. Isso sem mencionar a coxa direita, atravessada por um pedaço de ferro e que parece não afetar a deambulação do herói. Como levar algo assim a sério?

Quanto às `interpretações` não há muito o que falar. Excetuando-se os dois `James` do filme (Caan e Coburn), elas não existem. Schwarzenegger nunca esteve tão inexpressivo (ou talvez empate com O Exterminador do Futuro, no qual interpretava um andróide), e Vanessa Williams não consegue, em momento algum, criar empatia com o público.

Honestamente, eu não me preocupei nem por um segundo com o destino que sua personagem teria. Em vários momentos, confesso, até torci (mesmo sabendo que em vão) para que ela morresse logo e me poupasse daquela infinidade de bobagens.

Queima de Arquivo é um retrocesso na carreira de Schwarzenegger. Até mesmo sua frase de apresentação, `I’ll be back.` , ficou de fora. Ele foi `apagado`.
``

13 de Janeiro de 1997

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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