Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
06/11/1998 | 06/11/1998 | 2 / 5 | 3 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
90 minuto(s) |
Dirigido por Frank Coraci. Com: Adam Sandler, Kathy Bates, Henry Winkler, Fairuza Balk, Clint Howard, Rob Schneider, Peter Dante.
Qualquer um que já tenha assistido às performances de Adam Sandler no Saturday Night Live sabe que, quando quer ser engraçado, ele projeta o queixo para a frente, gagueja e utiliza uma voz anasalada. Se esta caracterização já não funcionava bem em quadros de dez minutos de duração, o resultado é ainda pior em O Rei da Água, onde o ator mantém este tipo durante noventa longos minutos.
Ou melhor: tenta. Pois a verdade é que em vários momentos do filme ele parece simplesmente se esquecer do personagem, falando com voz e expressão facial normais. A impressão que fica é justamente a de que ele só faz caretas quando a cena é engraçada. Ou deveria ser.
Em O Rei da Água, Sandler interpreta Bobby Boucher, um simplório homem de 31 anos que trabalha como `garoto da água` de um grande time universitário de futebol americano desde os 13 anos. Depois de ser demitido pelo mal-intencionado técnico da equipe, Bobby se oferece para trabalhar em um pequeno time que não vence uma partida há quatro anos. É então que seu destino muda depois que o técnico deste novo grupo descobre que, quando irritado, Boucher possui uma força descomunal - e decide utilizá-lo como elemento-surpresa no campeonato, bastando irritá-lo antes de cada partida.
Mas espere aí: um sujeito simplório cujas insuspeitas habilidades atléticas o levam a se tornar um promissor jogador de futebol americano? Sua mãe é uma mulher superprotetora, e sua amada, uma garota problemática? Sim, à primeira vista poderíamos estar falando de Forrest Gump, mas não se iludam: comparado a Boucher, Forrest é um gênio - além, é claro, do fato de Tom Hanks ser um ator de verdade, ao passo que Sandler não consegue sequer parecer vagamente emocionado de forma convincente, como na cena em que conversa com a mãe no hospital.
Mas a culpa não é apenas de Adam Sandler: o roteiro, escrito por Tim Herlihy e... Sandler (culpado novamente), é mal-estruturado e formulaico, seguindo à risca a velha estrutura do `rapaz-humilhado-por-todos-acaba-salvando-o-dia-e-ganhando-o-respeito-de-seus-desafetos`. Para piorar, os freqüentes (e nada divertidos) flashbacks tornam o ritmo ainda mais irregular. Como se não bastasse, o péssimo Rob Schneider faz uma ponta insossa e sem propósito algum a não ser o de aparecer no filme do amigo.
No entanto, sejamos justos: algumas das explosões do personagem de Sandler são realmente engraçadas, e a cena em que ele briga com um professor que cometeu a `ousadia` de desmentir sua Mama merece destaque entre estas. Em contrapartida, os efeitos visuais que mostram os rostos dos jogadores adversários a Boucher transformando-se nos de seus desafetos acabam cansando depois de um tempo.
Enquanto isso, Kathy Bates prova ter uma tendência inequívoca de se transformar numa espécie de Michael Caine de saias, ou seja: um artista de grande talento que freqüentemente se envolve em produções abaixo de seus padrões. Em O Rei da Água, por exemplo, seu sotaque acaba sendo um dos maiores atrativos da história (assim como a vulgar sensualidade de Fairuza Balk).
Muitos têm comparado o fenômeno Adam Sandler à explosão de Jim Carrey em 1994. Em retrospectiva, porém, fica clara a diferença: em uma disputa entre Ace Ventura e Bobby Boucher, o primeiro ganharia com folga, já que, além de engraçado, ele possui algo que falta aos personagens de Sandler: carisma.
11 de Abril de 2000