Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
16/01/1998 | 01/01/1970 | 5 / 5 | 5 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
194 minuto(s) |
Dirigido por James Cameron. Com: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Gloria Stuart, Kathy Bates, Billy Zane, Bill Paxton.
Meu Deus, o que posso falar desse filme? Foi provavelmente uma das maiores aventuras cinematográficas que já vivi. Não sei como explicar: eu já havia lido o roteiro do filme duas vezes; sabia tudo o que era possível se saber sobre a parte técnica do filme, bem como as curiosidades e mínimos detalhes da produção. Eu conhecia este filme. Portanto, seria impossível que ele pudesse mexer tanto comigo. Mas mexeu. E muito. Quando eu saí do cinema não era apenas um espectador fascinado. Eu era um sobrevivente do Titanic.
O roteiro de Cameron manipulou minhas emoções de tal maneira que em alguns momentos eu cheguei a pensar: `Como ele pode ser tão cruel?` Tudo bem, eu consigo identificar todos os elementos `clássicos` que uma história dessas sempre tem: o amor proibido entre dois jovens de classes diferentes; o vilão inescrupuloso e sem sentimentos; a tragédia se avizinhando... Mas e daí? O que fazer se estas `caricaturas` funcionam tão bem? Nada, a não ser se deixar levar por elas.
A parte técnica é absolutamente perfeita, o que já é marca registrada de Cameron. Quando eu li, pela primeira vez, que o diretor mandara construir uma réplica do Titanic apenas 10% menor do que o original, confesso que achei exagero. `Por que ele não cria as cenas em computador, como sempre?`, pensei. Como eu estava errado! As seqüências em que a câmera `voa` por sobre o Titanic, mostrando todo o seu tamanho são de tirar o fôlego. A direção de arte e a cenografia são primorosas, bem como a fotografia. O som (principalmente se você estiver em um cinema que possua som digital) é uma parte independente da história, alternando momentos ensurdecedores com outros de calmaria absoluta. Neste aspecto, devo ressaltar principalmente o momento da colisão com o iceberg e a seqüência na sala de máquinas.
Quanto às interpretações... basta dizer que Cameron nunca foi tão feliz em um casting. Leonardo DiCaprio retrata com grande sensibilidade um jovem artista, cheio de vida e esperanças, apaixonado pela liberdade e por Rose, vivida por Kate Winslet. Esta jovem talentosa atriz, por sua vez, tem, aqui, uma dessas interpretações capazes de alavancar qualquer carreira. Eu praticamente me apaixonei por ela - e confesso que não a acho tão bonita assim. Gloria Stuart, que faz Rose já idosa, nos comove e nos diverte, ao mesmo tempo. Billy Zane está corretamente antipático, e o restante do elenco... bem, do garotinho que pergunta: `O que está acontecendo, mamãe?` à Kathy Bates (que faz Molly Insubmergível), todos estão perfeitos.
A música de James Horner não poderia ser melhor aproveitada do que foi. É como se Cameron tivesse escrito o roteiro para encaixá-la. Os figurinos foram tão bem produzidos que sequer os notamos. Eles compõem o cenário, e não se destacam dele, o que teria sido inapropriado.
Quanto à seqüência do naufrágio (que dura um pouco mais de uma hora na tela), bem... basta dizer que é, desde já, um dos grandes momentos do cinema. Ela consegue a proeza de manter a platéia presa na cadeira o tempo todo, ainda se dando ao `luxo` (necessário, diga-se de passagem) de nos apresentar pequenos momentos de humor. É só então que o Titanic rouba a cena.
Infelizmente, vários cortes foram feitos. O roteiro original previa um destaque um pouco maior para Fabrizio, o amigo do personagem de DiCaprio, e seu envolvimento com uma garota norueguesa, cuja língua não consegue entender - e o destino do romance dos dois quando o navio naufraga. Talvez Cameron tenha achado que isso desviaria a atenção do romance principal, entre Rose e Jack. Eu não acho. Várias cenas envolvendo Bill Paxton também foram parar no chão da sala de edição, bem como algumas que envolviam Billy Zane (no roteiro seu Cal Hockley é ainda mais terrível que no filme). Mas a cena que mais fez falta, para mim, foi aquela em que a velha Rose deixa Brock Lovett tocar o `Heart of the Ocean` já ao final do filme. Para mim esta cena sintetizava todo o aprendizado de Lovett depois da história que acabara de ouvir. E, finalmente, o `capanga` de Billy Zane simplesmente some ao final do filme, enquanto o roteiro nos mostrava exatamente o que acontecia a ele. Talvez algum dia Cameron lance a versão integral. Pelo menos espero.
Mas estas cenas `subtraídas` não alteram o resultado final. Titanic é um filme maravilhoso, excepcional. E daí que gastaram 250 milhões de dólares para realizá-lo? Que gastassem 300, 400! Economizem os milhões de dólares que são gastos com os Batman & Robin da vida e os revertam para filmes como Titanic.
Em certo momento, Bill Paxton pergunta para a personagem de Gloria Stuart: `Você está pronta para voltar ao Titanic?`. Esta pergunta deveria ser feita a cada um dos espectadores deste filme. Muitos talvez não estejam. É perigoso se emocionar assim. Mas vale a viagem.
9 de Fevereiro de 1998