Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
19/07/1982 | 21/05/1982 | 3 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
88 minuto(s) |
Dirigido por Carl Reiner. Com: Steve Martin, Rachel Ward, Carl Reiner.
De tempos em tempos Hollywood resolve refilmar um velho clássico. Nos últimos anos, então, o `remake` virou mania. Todos querem refilmar todos. Quando não é um clássico, é um filme estrangeiro. Isso quando não é um clássico estrangeiro. Les Diaboliques, de Henri-Georges Clouzot virou Diabolique, com Sharon Stone. Outro exemplo: La Cage Aux Folles (A Gaiola das Loucas), com Ugo Tognazzi e Michel Serrault, virou The Birdcage, com Robin Williams e Nathan Lane. Steve Martin já participou, de pelo menos, três destas refilmagens: Os Safados, O Pai da Noiva e A Pequena Loja dos Horrores, todas três rendendo ótimos resultados.
Mas nem sempre precisa-se refilmar um velho clássico para atrair a atenção do público. Algumas vezes, basta homenagear os que já fizeram história. E é isso que Cliente Morto Não Paga faz. Através de efeitos especiais e da edição inventiva de Bud Molin, o filme coloca Steve Martin contracenando com antigos astros dos filmes policiais da década de 40.
Martin atua como Rigby, um detetive particular muito amigo de Phillip Marlowe (um dos detetives particulares mais famosos da história do cinema, já interpretado por Humphrey Bogart e James Garner, entre outros). Ele acredita piamente nos ensinamentos do velho amigo, como `Balas não matam; o amor, sim`. Logo no início do filme, Rigby é contratado por Juliet Forrest (Ward), a filha de um famoso cientista falecido em um acidente de carro. Ela acredita que o pai foi assassinado, e quer que o detetive descubra como e porquê. No decorrer das investigações, Rigby encontra vários personagens retirados diretamente dos velhos filmes noir (filmes escuros, sombrios, constantemente lidando com o submundo das grandes cidades, sendo muito comuns nas décadas de 40 e 50): Bette Davis, Kirk Douglas, Burt Lancaster, Ingrid Bergman, Humphrey Bogart (como o próprio Marlowe), além de outros.
O principal charme do filme é justamente ir reconhecendo os velhos astros à medida em que aparecem. A história foi feita sob medida para que as antigas cenas se encaixassem na investigação de Rigby. E o grande defeito de Cliente Morto... é justamente esse. A necessidade de adequar as antigas seqüências às novas fez com que o roteiro ficasse desconexo, sem sentido. É como se o filme todo fosse composto de várias pequenas cenas sem ligação entre si. O resultado é um filme interessante do ponto de vista técnico, mas insosso quanto ao enredo. É mais fácil tentar descobrir de onde as cenas foram retiradas do que tentar acompanhar a investigação deste `amigo` de Marlowe.
Steve Martin faz um bom trabalho, o que é comum. Seu detetive é um meio-termo entre Phillip Marlowe e Frank Drebin, da série Corra Que a Polícia Vem Aí. Rachel Ward está sensual como sempre (em um certo ponto, Rigby diz: `Quero beijá-la com todos os lábios de meu rosto.`), e merecia mais do que ficar sugando as balas que insistem em se alojar no braço de seu investigador particular. Já a parte técnica é primorosa: o som foi cuidadosamente trabalhado para se adequar ao som dos originais; os figurinos foram desenhados pela própria Edith Head, que fez muitos dos figurinos dos filmes utilizados. Aliás, este foi o último trabalho de Head, que morreu ainda em 81, com cerca de 750 filmes em seu currículo.
Em resumo: Cliente Morto Não Paga é um filme de uma piada só: colocar Martin ao lado de Bogart e Cia. Um filme muito mais interessante poderia ter sido realizado a partir disso. De todo modo, é uma curiosidade que merece ser vista.
14 de Janeiro de 1997