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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
10/09/1987 01/01/1970 4 / 5 4 / 5
Distribuidora
20th Century Fox Home Entertainment
Duração do filme
94 minuto(s)

Direção

Ethan Coen , Joel Coen

Elenco

Nicolas Cage , Holly Hunter , John Goodman , William Forsythe , Frances McDormand

Roteiro

Joel Coen , Ethan Coen

Produção

Ethan Coen , Joel Coen

Fotografia

Barry Sonnenfeld

Música

Carter Burwell

Montagem

Michael R. Miller

Design de Produção

Jane Musky

Figurino

Richard Hornung

Direção de Arte

Harold Thrasher

Arizona Nunca Mais
Raising Arizona

Dirigido por Joel Coen. Com: Nicolas Cage, Holly Hunter, John Goodman, William Forsythe, Frances McDormand.

Joel e Ethan Coen formam, possivelmente, a dupla mais inventiva que já passou por Hollywood. Talvez isso explique o fato de serem `independentes`, ou seja, de não estarem presos a nenhum grande estúdio da Meca do cinema. Na Roda da Fortuna, Gosto de Sangue e Barton Fink - Delírios de Hollywood são três filmes geniais, criativos, envolventes. E assim também é Arizona Nunca Mais.

Nicolas Cage interpreta H.I. McDonnough (ou apenas Hi), um ladrão de lojas de conveniências que acaba se casando com Edwina (Hunter), a policial que sempre tirava suas fotos de fichamento na polícia. Depois de um período de felicidade imensa, o casal resolve ter um filho. E é então que uma bomba cai sobre suas cabeças: Edwina é estéril (`O interior de Edwina era um lugar pedregoso onde minha semente não encontrava adubo`, explica Hi em seu linguajar característico). A vida do casal se complica: Ed larga a polícia, Hi se flagra observando lojas que estão fora de seu caminho e tudo vai mal. É quando Nathan Arizona, o dono de uma cadeia de mobiliárias, tem uma surpresa: sua esposa Florence dá à luz a quíntuplos! Ed e Hi, naturalmente, resolvem que a coisa mais natural a fazer é tomar um dos bebês para si.

Toda a história narrada acima é revelada já nos primeiros minutos de filme, antes mesmo que o título apareça. É, sem dúvida, uma das melhores seqüências de introdução que já vi, se igualando, por exemplo, à seqüência inicial de O Jogador, de Robert Altman. Já neste ponto o espectador é capaz de perceber que está sendo convidado a mergulhar em um universo especial: os personagens criados pelos irmãos Coen não habitam o mundo normal (o Sidney J. Mussburger de Paul Newman em Na Roda da Fortuna é um exemplo claro disso).

Continuando: o seqüestro é bem-sucedido, e `Jr.` é levado para seu novo lar. Nesta altura a história vai ficando mais complexa, mas não pretendo contar mais nada a fim de não estragar as surpresas. Basta dizer que, a certa altura, praticamente todos os personagens do filme querem pôr as mãos no bebê Arizona.

No entanto, Arizona Nunca Mais não é um daqueles filmes capazes de provocar gargalhadas incessantes. Possui um humor mais discreto, pessoal - típico dos irmãos Ethan e Joel. Em certo momento, por exemplo, durante um assalto a banco, o personagem de John Goodman grita: `Isto é um assalto! Parados! Todo mundo para o chão!`, mas ninguém se mexe. É quando um velhinho, com as mãos para o alto, diz: `E então, o que vai ser, meu jovem? Quer que eu fique parado ou vá para o chão? Porque se eu fico parado, eu não posso cair, e se eu caio estarei me mexendo!` Ou quando, em uma loja, outro assaltante (Forsythe) pergunta para o dono: `Você tem aí algum daqueles balões que, depois de cheios, ficam com um formato engraçado?` E a resposta, seca: `Bom, não, a não ser que você ache redondo engraçado.`

Mas Arizona Nunca Mais possui mais do que um roteiro interessante; possui o toque característico dos Coen: a câmera parece nunca parar de se mover, criando ângulos e perspectivas fascinantes - um primor de técnica (três momentos me chamaram particularmente a atenção: os dois sonhos de Hi, e a seqüência em que este escreve um bilhete para Edwina durante a madrugada enquanto a câmera mostra todos os demais personagens do filme dormindo). Além disso, as interpretações inspiradas de Cage, Hunter, Goodman e Forsythe (como dois presidiários que escapam da cadeia e se alojam na casa do velho amigo Hi) contribuem para o sucesso do espetáculo. Trey Wilson, como Nathan Arizona, também está excelente.

Este é um daqueles filmes que podem funcionar maravilhosamente bem ou pessimamente mal, dependo da capacidade do espectador em mergulhar naquele universo tão estranho. Se conseguir encarar o filme com sua lógica particular, passará ótimos momentos; caso contrário, provavelmente desligará o vídeo na metade da fita - o que será uma pena.
``

14 de Janeiro de 1997

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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