Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
29/10/1999 | 01/01/1970 | 3 / 5 | 4 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
95 minuto(s) |
Dirigido por Paul Weitz. Com: Jason Biggs, Chris Klein, Thomas Ian Nicholas, Seann William Scott, Tara Reid, Alyson Hannigan, Shannon Elizabeth, Eddie Kaye Thomas e Eugene Levy.
American Pie é uma comédia adolescente que poderia perfeitamente ter sido produzida na década de 80 - caso não possuísse alguns elementos `pós-Quem Vai Ficar com Mary?`. Em outras palavras: apesar de possuir um humor quase inocente para os padrões atuais, o filme inclui algumas cenas mais `óbvias` que jamais poderiam fazer parte de uma produção realizada vinte anos atrás - mas que hoje são cada vez mais comuns nas comédias americanas (vide o recente `café` sorvido por Austin Powers em O Agente Bond Cama).
O filme gira em torno de quatro amigos que resolvem fazer de tudo para perder a virgindade antes que o baile de formatura aconteça: enquanto um deles decide entrar para um coral a fim de bancar o `sentimental` com as garotas que ainda não conhecem sua fama, outro se empenha em provar para a namorada que é digno de ir para a cama com ela. Já o terceiro amigo arruma uma maneira de espalhar para todo o colégio o boato de que é `extremamente bem-dotado`, enquanto o quarto rapaz... bem... resolve descobrir a sensação do sexo através do auxílio de uma apetitosa... torta de maçã.
Como se pode observar, o roteiro de Adam Herz não traz muitas inovações com relação às `tramas` de filmes como Porky`s, A Primeira Transa de Jonathan ou O Último Americano Virgem: os afobados adolescentes, repletos de hormônios, passam por situações altamente embaraçosas enquanto buscam a primeira transa. A diferença que faz de American Pie um filme mais interessante do que grande parte dos `clones` gerados nos últimos anos reside, curiosamente, nos pequenos detalhes: observem, por exemplo, que os nerds do colégio - geralmente retratados como virgens irrecuperáveis - conseguem, aqui, deixar os `mauricinhos` muito para trás (mesmo que às custas de algumas mentiras).
Além disso, as personagens femininas conseguem um feito inédito: abandonam seus papéis de meros objetos sexuais e ganham novas dimensões, demonstrando que também têm suas curiosidades com relação ao ato sexual e ao sexo oposto - e, o que é mais importante, que detém em suas mãos o poder de dizer `não` (enquanto que, em filmes como A Vingança dos Nerds, os atrapalhados adolescentes não conseguiam levar ninguém para a cama em função da própria incompetência, e não graças à relutância das mulheres).
Mas basta de comparações. A principal pergunta que deve ser feita é: American Pie é um filme engraçado? A resposta mais honesta: em boa parte do tempo, sim - mas, infelizmente, o ritmo é inconstante, alternando momentos muito divertidos com outros em que nada parece funcionar. As cenas que envolvem Jim sendo aconselhado pelo pai, por exemplo, nos deixam com um sorriso estampado no rosto, prontos para uma gargalhada que nunca se concretiza. O mesmo acontece na seqüência em que o rapaz tem uma de suas peripécias transmitida pela Internet. É como se o roteiro preparasse uma situação realmente engraçada, mas, ao final, não soubesse como conclui-la. A piada fica perdida em algum lugar do caminho.
Porém, sejamos justos: em seus momentos de maior inspiração, American Pie funciona maravilhosamente bem, como na cena em que Finch descobre sua própria versão de Mrs. Robinson (com direito até mesmo à trilha de Simon & Garfunkel - cuja referência, infelizmente, passará desapercebida para a maior parte do público-alvo deste filme).
Com um elenco simpático e uma historinha ingênua (sim, vejam só como os tempos mudaram...), American Pie recicla com sucesso alguns velhos temas das comédias adolescentes. Afinal de contas, se Gus Van Sant pôde `colorizar` Psicose, qual o mal existente em se produzir um `melhores momentos dos anos 80`? Só faltava escalar Molly Ringwald e Judd Nelson para os papéis principais...
29 de Outubro de 1999