Datas de Estreia: | Nota: | ||
---|---|---|---|
Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
15/04/2011 | 01/01/1970 | 3 / 5 | 3 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
110 minuto(s) |
Dirigido por Wes Craven. Com: Neve Campbell, Courteney Cox, David Arquette, Emma Roberts, Hayden Panettiere, Marley Shelton, Nico Tortorella, Rory Culkin, Anna Paquin, Kristen Bell, Alison Brie, Anthony Anderson, Adam Brody, Mary McDonnell, Heather Graham e a voz de Roger Jackson.
A seqüência de introdução de Pânico 4 encontra-se entre os melhores momentos de toda a série: auto-referencial e metalingüística na medida certa, ela brinca com as convenções do gênero de maneira ágil e divertida, lembrando-nos de que um dos fatores que transformaram o Pânico original em sucesso residia justamente em sua inteligência ao reconhecer os clichês do terror ao mesmo tempo em que os abraçava. Claro que muito mudou nos últimos 15 anos – e, agora, ver personagens reconhecendo o absurdo cinematográfico que os cercam virou lugar-comum. Pena, portanto, que Pânico 4 não perceba isso e insista nos mesmos truques que, agora, soam datados e tão previsíveis quanto o gato que salta das sombras para assustar a mocinha.
Não que este quarto capítulo não represente um avanço em relação ao desastroso episódio anterior, lançado há longos 11 anos: marcando o retorno do roteirista original, Kevin Williamson, à série, o filme ganha até mesmo ao explorar a nostalgia de seus fãs, já que, ao seu próprio modo, a franquia tornou-se tão emblemática quanto aquelas que costumava satirizar em seu início. Assim, reencontrar o trio principal e vê-lo de volta à cidadezinha de Woodsboro não deixa de representar uma experiência agradável, ainda que logo seja eclipsada pela enxurrada de novos e desinteressantes personagens que, ocupando maior tempo de tela, prejudicam o filme por surgirem como criaturas unidimensionais introduzidas na narrativa apenas como vítimas óbvias para o abate (e é difícil investir emocionalmente em qualquer figura que sabemos estar destinada ao necrotério).
Reconhecendo as mudanças no gênero ocorridas na última década (muitas das quais em resposta aos tapas de luva desferidos pelo longa original), o roteiro de Williamson logo usa uma personagem para criticar o torture porn e para apontar o sucesso repleto de repetição da série Jogos Mortais – ao mesmo tempo em que ironiza a “complexidade” (entre gigantescas aspas) desta ao sugerir que a cronologia caótica que intriga os fãs é fruto de um público que pensa demais sobre um filme cujos realizadores pensam de menos. Assim, é lamentável quando logo Pânico 4 sucumbe aos mesmos problemas que aponta com alegria nos outros, já que, ao contrário das besteiras cometidas por Eli Roth ou os produtores de Saw, aqui os equívocos surgem como resultado não de incompetência ou falta de inteligência, mas por pura opção.
Misto de continuação, refilmagem e reboot (outro modismo atual de Hollywood), o filme mantém o hábito de buscar seu elenco nas séries da tevê norte-americana – e, assim, atrizes como Hayden Pannetiere (uma mini-Brigitte Nielsen) e Alison Brie juntam-se aos parentes menos famosos de Julia Roberts (Emma) e Macaulay Culkin (Rory) enquanto resgatam os já estabelecidos (ao menos, nesta série) Neve Campbell, David Arquette e Courteney Cox, que vestem confortavelmente os figurinos de seus velhos personagens mesmo não tendo a chance de desenvolvê-los melhor em função do roteiro no piloto automático.
Pois o fato é que há muito a série Pânico substituiu qualquer interesse em desenvolver seus personagens pelo esforço de concentrar um número cada vez maior de mortes nas cerca de duas horas de projeção – e, conseqüentemente, tenta introduzir uma crise boba no casamento de Dewey e Gale como forma de criar alguma tensão romântica ao mesmo tempo em que mantém Sidney encarando a matança à sua volta com olhos tristes e quase resignados. E isto, acreditem, é de uma complexidade notável se comparado ao tratamento dado aos demais personagens, que se limitam a seguir os estereótipos da “mocinha em perigo”, da “gostosa da escola”, do “nerd viciado em tecnologia”, do “esquisitão fã de terror” e por aí afora. Como se não bastasse, Williamson não se esforça em conferir o mínimo de inteligência a estes indivíduos, que constantemente preferem enfrentar o escuro repleto de perigo a fazer uma ligação para a polícia – e mesmo que fizessem, duvido que conseguissem se salvar, já que os representantes da Lei aqui retratados são imbecis fardados, chegando a permitir que o vilão Ghostface retalhe uma de suas vítimas enquanto um carro com dois policiais se encontra parado diante de sua casa.
Mas talvez o mais patético seja perceber que o roteiro ainda procura ganhar alguma relevância ao incluir em seu clímax um discurso superficial sobre a natureza da fama no mundo pós-Internet, soando apenas juvenil nesta tentativa. Aliás, até mesmo a resolução do mistério principal da trama (“Quem está por trás da máscara desta vez?”) surge como um tremendo anti-clímax, já que estas revelações jamais foram o forte da série a partir do segundo capítulo – e nem deveriam, já que o que realmente interessa aos fãs é a matança em si, não seus autores.
E neste aspecto, Pânico 4 se sai bem, considerando que Wes Craven, mais do que experiente no gênero, já conhece todos os atalhos para manter o espectador interessado e divertido ao longo dos 111 ágeis minutos de projeção. Como resultado, esta continuação jamais cansa ou aborrece. O que, claro, não é desculpa para que ria dos clichês de seus companheiros do terror apenas para, em seguida, se entregar a eles sem qualquer pudor. Afinal, é difícil levar a sério alguém que aponta a calça rasgada de outra pessoa quando suas próprias roupas estão em frangalhos.
16 de Abril de 2011
Siga Pablo Villaça no twitter clicando aqui e o Cinema em Cena clicando aqui!
Comente esta crítica em nosso fórum e troque idéias com outros leitores! Clique aqui!