Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
13/01/2006 | 11/11/2005 | 3 / 5 | 3 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
111 minuto(s) |
Dirigido por Jon Favreau. Com: Jonah Bobo, Josh Hutcherson, Dax Shepard, Kristen Stewart, Tim Robbins.
Zathura – Uma Aventura Espacial é um longa que já começa barulhento: durante os créditos iniciais, enquanto vemos detalhes da caixa que embala o jogo que dá título à história, a grandiosa trilha de John Debney anuncia que estamos prestes a ver um filme repleto de ação e energia. E não se trata de propaganda enganosa; Zathura pode ter seus defeitos, mas, depois que engrena, não para mais.
Co-escrito por John Kamps e pelo experiente David Koepp, o roteiro nos apresenta a Danny e Walter, filhos de um casal recém-divorciado que estão passando o fim-de-semana com o pai, um ocupado publicitário que não pode passar mais do que 25 minutos brincando com cada garoto. Deixados sozinhos (a irmã mais velha ainda está dormindo), eles descobrem um velho jogo de tabuleiro intitulado Zathura, que, a cada rodada, libera um cartão contendo informações do tipo `Chuva de asteróides. Iniciar manobras evasivas` ou `Seu robô está com defeito` – e logo constatam que, mais do que simples instruções, os cartões representam avisos de incidentes que realmente irão ocorrer em seguida. Espantados ao perceberem que a casa do pai encontra-se em pleno espaço sideral, os meninos concluem que só poderão voltar à Terra quando chegarem ao fim da partida.
Se você se lembrou de Jumanji, não ficará surpreso ao descobrir que ambos os filmes foram inspirados em livros escritos pelo mesmo autor, Chris Van Allsburg, também responsável pela obra que deu origem a O Expresso Polar. Utilizando premissas parecidas, Jumanji e Zathura são histórias à prova de furos de lógica: afinal, como podemos questionar o fato de que um sofá é incendiado no vácuo ou que os heróis respiram sem problemas em um ambiente sem atmosfera se, para início de conversa, o filme nos mostra uma casa flutuando pelo espaço? Aliás, a decisão do roteiro de jamais tentar explicar de onde vem o estranho jogo é mais do que acertada; é melhor simplesmente aceitar sua existência absurda do que tentar racionalizar algo impossível de se justificar. Zathura existe e pronto; é o que precisamos saber.
Aliás, Koepp e Kamps fazem o possível para evitar que o espectador tenha tempo de raciocinar sobre o que está vendo; depois que a primeira rodada do jogo tem início, a ação toma conta da tela de forma ininterrupta, tornando-se cada vez mais intensa à medida que os personagens avançam na partida. Porém, se acertam na escala crescente dos desafios enfrentados pelos heróis, os roteiristas exageram um pouco na forma com que retratam os desentendimentos de Danny e Walter, cujas brigas constantes acabam se tornando um pouco enfadonhas e irritantes. Além disso, alguns diálogos soam pavorosamente ruins, como no instante em que o publicitário vivido por Tim Robbins diz para o filho caçula que este é uma criança `incrível` e o garoto responde: `As pessoas dizem isso quando não sabem o que dizer` – uma fala que, buscando soar tocante, revela-se mais forçada do que o próprio conceito de um jogo capaz de atirar as pessoas no espaço.
Enriquecido por ótimos efeitos visuais (e pelas criaturas animatrônicas concebidas pelo estúdio do mestre Stan Winston), Zathura estabelece o ator-diretor Jon Favreau como um nome competente na realização de produções leves voltadas para toda a família (também é dele o divertido Um Duende em Nova York) – embora, devo confessar, eu não tenha conseguido deixar de observar a forma obviamente erotizada com que o cineasta retrata a jovem Kristen Stewart, que, com 15 anos de idade, surge em cena sempre usando roupinhas apertadas e minúsculas e se mostra encantada com um homem que certamente tem o dobro de sua idade.
Lolitas à parte, Zathura é um filme consistentemente divertido e que se mostra superior ao primo Jumanji por duas razões: os efeitos visuais são infinitamente melhores e, aqui, não há um Robin Williams que desvie a atenção do espectador com seus histrionismos habituais. Williams é um ator que admiro imensamente, mas os astros destas produções deveriam ser os jogos em si, e não os personagens, que funcionam como meros peões sobre os tabuleiros. E, em Zathura, o `personagem-título` finalmente ganha o destaque merecido.
13 de Janeiro de 2006
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