Datas de Estreia: | Nota: | ||
---|---|---|---|
Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
05/10/2001 | 01/01/1970 | 4 / 5 | 5 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
90 minuto(s) |
Dirigido por Brett Ratner. Com: Jackie Chan, Chris Tucker, Zhang Ziyi, John Lone, Roselyn Sanchez, Jeremy Piven, Don Cheadle e Alan King.
Particularmente, não considero o primeiro A Hora do Rush tão bom quanto seus fãs parecem acreditar. Divertido em alguns momentos, o filme era terrivelmente convencional durante a maior parte do tempo – e até mesmo as cenas de ação protagonizadas por Jackie Chan pareciam menos inspiradas do que de costume, graças à direção frenética de Brett Ratner, que não o deixava desenvolver suas coreografias com o cuidado necessário. O que o diretor parecia não perceber é que, com Chan, `menos` é `mais`, ou seja: a melhor solução é deixar a câmera rodando e permitir que o ator deslumbre a platéia com a elegância e a graça de seus movimentos.
Curiosamente, foi justamente este filme que deslanchou a carreira do astro chinês em Hollywood – vá entender. Seja como for, eu não tinha grandes expectativas com relação a esta continuação. Na melhor das hipóteses, eu esperava ficar impressionado com as proezas físicas de Jackie Chan e rir um pouco durante os erros de gravação que sempre encerram suas produções. Felizmente, eu estava enganado: A Hora do Rush 2 é indubitavelmente superior ao original.
Dirigida pelo mesmo Brett Ratner (que, no intervalo, comandou o drama Um Homem de Família), esta continuação dá prosseguimento à história exatamente a partir do ponto em que o primeiro parou: em viagem de férias ao país de seu amigo Lee (Chan), o detetive americano Carter (Tucker) acaba se envolvendo em uma investigação sobre um atentado à embaixada americana na China. Ao longo da trama, os dois policiais descobrem a existência de um plano para contrabandear cem milhões de dólares em notas falsas e Lee tem a oportunidade de vingar a morte do pai. (A propósito: a bela Zhang Ziyi, de O Tigre e o Dragão, é uma das vilãs da história e prova, mais uma vez, ter carisma).
Como você pode constatar, a trama de A Hora do Rush 2 não é das mais originais - mas isso é uma característica básica do gênero `comédia policial`: o mais importante é criar situações relativamente tensas e potencialmente engraçadas para que os heróis (em 99% dos casos, dois policiais que brigam o tempo todo, mas que se gostam e admiram profundamente) possam destilar seu bom humor e levar a platéia às gargalhadas. Neste aspecto, o filme funciona muito bem, já que Tucker assume com facilidade o tipo de policial malandro e debochado (cujo modelo foi estabelecido por Eddie Murphy na década de 80), enquanto Chan volta a encarnar sua persona cinematográfica clássica: o sujeito boa-praça e relativamente desastrado que utiliza seus conhecimentos de artes marciais apenas para a defesa – ocasiões nas quais transformará qualquer elemento do cenário em arma.
Apesar de não representarem o melhor trabalho de Chan (que, afinal de contas, já está começando a envelhecer), as coreografias de suas lutas em A Hora do Rush 2 são surpreendentes – e, desta vez, Ratner permite que o ator faça seu trabalho. Em certo momento, por exemplo, ele enfrenta vários adversários enquanto revista um aposento e, em outro, executa complicadas manobras à medida em que escala um andaime infestado de vilões. Outra boa idéia é a seqüência em que ele homenageia/parodia a cena de abertura de Indiana Jones e o Templo da Perdição, quando é obrigado a procurar um detonador que está sendo chutado de um lado para outro por uma multidão em pânico.
Enquanto isso, Chris Tucker demonstra ser um fiel discípulo do humor desenvolvido por Eddie Murphy, assumindo todos os trejeitos e o tom de voz do veterano comediante. Em certos momentos, confesso que esperei ouvir a inconfundível gargalhada de Axel Foley, mas Tucker felizmente não vai tão longe. Mesmo não sendo tão hilário quanto o herói de Um Tira da Pesada, seu detetive leva o espectador várias vezes ao riso (especialmente na cena em que discute com um taxista e nas várias ocasiões em que se desentende com Lee).
O elemento mais importante de uma comédia policial é, sem dúvida, a química entre a dupla de protagonistas – e Jackie Chan e Chris Tucker certamente se dão muito bem. Não acho, porém, que A Hora do Rush 2 realmente mereça figurar entre as 25 maiores bilheterias de todos os tempos, já que é apenas um passatempo descompromissado. Mas, pensando bem, ao menos ele desbancou Uma Babá Quase Perfeita desta relação – e, entre o maniqueísmo de Chris Columbus e a simpatia de Jackie Chan, é óbvio que fico com o último.
5 de Outubro de 2001