Datas de Estreia: | Nota: | ||
---|---|---|---|
Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
22/11/2002 | 01/01/1970 | 4 / 5 | 4 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
161 minuto(s) |
Dirigido por Chris Columbus. Com: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Richard Harris, Robbie Coltrane, Maggie Smith, Alan Rickman, Miriam Margolyes, Toby Jones (voz), Christian Coulson, Tom Felton, Jason Isaacs e Kenneth Branagh.
Assim como os livros escritos pela britânica J.K. Rowling, nos quais é inspirada, a franquia cinematográfica protagonizada pelo bruxinho Harry Potter vem se confirmando como uma série rica em magia e invencionismo, combinando, num encontro feliz, boas histórias e efeitos visuais absolutamente fascinantes. Assim, ao mesmo tempo em que mergulhamos nos mistérios da Escola de Magia Hogwarts, nossos olhos são inundados pelos elaborados detalhes daquele universo.
Enfocando o segundo ano de Harry em Hogwarts, Harry Potter e a Câmara Secreta traz uma trama bem mais elaborada e tensa do que a do primeiro capítulo, girando em torno de uma assustadora criatura que, ao ser libertada da enigmática Câmara dos Segredos, começa a atacar vários habitantes da instituição, fazendo vítimas entre animais, alunos... e fantasmas! Vitimado pela desconfiança de seus colegas, já que parece estar sempre no local dos ataques, Harry se vê obrigado a investigar o mistério para provar sua inocência – sempre ao lado dos amigos Ron Weasley e Hermione Granger, é claro.
Escrito pelo mesmo Steven Kloves do original, este segundo filme da série se beneficia enormemente do fato de já termos sido apresentados aos seus protagonistas e ao mundo dos bruxos, podendo concentrar-se mais na história do que na exposição dos personagens e suas relações. Além disso, Kloves conseguiu evitar, desta vez, o caráter episódico que emperrava a narrativa de Harry Potter e a Pedra Filosofal e, com isso, a trama passou a fluir mais naturalmente, sem apelar para bruscas passagens de tempo. E o que é melhor: mantendo-se fiel ao livro (embora isso tire um pouco da diversão, já que os fãs de Rowling já conhecerão a solução do enigma desde o início).
Porém, a imaginação de Rowling (e a fidelidade de Kloves ao seu material) de nada adiantaria caso o diretor Chris Columbus não contasse com uma equipe incrivelmente competente para levar o universo de Harry Potter para as telas. Há quase um ano, quando escrevi sobre o primeiro filme, eu disse: `a parte técnica de Harry Potter e a Pedra Filosofal é impecável: a direção de arte do filme certamente será indicada ao Oscar, tendo grandes chances de vencer`. Pois repito a afirmativa, retirando apenas a parte sobre suas chances de sair premiado (já que agora já sei do que Peter Jackson é capaz de fazer com a trilogia O Senhor dos Anéis): aliás, a direção de arte de Harry Potter e a Câmara Secreta consegue ser ainda mais extraordinária do que a de seu antecessor, expandindo os alcances de Hogwarts a limites assombrosos.
Como se não bastasse, Columbus também parece ter aprendido com os erros cometidos no original: ao contrário do ridículo troll que ameaçava Hermione em A Pedra Filosofal, o elfo doméstico Dobby, que desempenha importante papel no novo filme, jamais deixa de ser convincente – o mesmo valendo para a partida de quadribol, que se torna bem mais emocionante desta vez. Com relação ao trabalho do próprio Columbus, vale dizer que sua direção continua a ser burocrática, já que ele jamais se arrisca a `desafiar` os fãs dos livros; por outro lado, devo reconhecer que ele consegue criar um bom clima de tensão na segunda metade da história.
Para finalizar, é inevitável dizer que o elenco de Harry Potter e a Câmara Secreta é simplesmente sensacional: contando com um time de atores formidáveis, o filme chega ao ponto de utilizar o hilário John Cleese em uma simples ponta, concedendo-lhe apenas duas falas. E se Alan Rickman, Maggie Smith e Julie Walters ficam limitados por suas participações menores (embora funcionem muito bem quando estão em cena), Kenneth Branagh e Jason Isaacs não perdem a oportunidade de brilhar com seus personagens: respectivamente, o divertidíssimo Gilderoy Lockhart e o ameaçador Lúcio Malfoy. Da mesma forma, o trio de protagonistas-mirins (ao lado de Tom Felton, como Draco Malfoy) demonstra maior segurança do que no capítulo anterior, e Richard Harris se despede da série em grande estilo (observem como ele acentua a rouquidão de sua voz para criar um maior contraste na cena em que seu personagem aparece um pouco mais jovem).
Harry Potter e a Câmara Secreta representa, felizmente, um claro avanço com relação ao seu antecessor, demonstrando preocupar-se não apenas com o impacto visual deste rico universo, mas também com sua narrativa. Desta vez, Columbus capturou o pomo de ouro.
Observação: não saia do cinema antes que os créditos cheguem ao fim, pois há uma divertida piada envolvendo o personagem de Branagh nos últimos segundos do rolo do filme.
22 de Novembro de 2002