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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
21/06/2002 01/01/1970 4 / 5 4 / 5
Distribuidora
Duração do filme
117 minuto(s)

Blade 2
Blade 2

Dirigido por Guillermo del Toro. Com: Wesley Snipes, Kris Kristofferson, Leonor Varela, Ron Perlman, Luke Goss, Norman Reedus, Donnie Yen e Thomas Kretschmann.

Blade 2 é diversão do início ao fim. Contando com uma direção inspirada de Guillermo del Toro, um roteiro inventivo de David S. Goyer e atuações vigorosas de todo o elenco, o filme cumpre muito bem seu objetivo: da primeira seqüência de luta à piada que encerra a história, o espectador jamais consegue desgrudar os olhos da tela, saindo do cinema com a sensação de que gastou bem o seu dinheiro.

Situada dois anos após a conclusão do filme original, a trama traz Blade em uma busca desesperada para encontrar seu antigo mentor, Whistler, que se tornou prisioneiro de seus inimigos. Enquanto isso, uma nova espécie de sugadores de sangue, os Reapers, passa a atacar os próprios vampiros, que recorrem a Blade como sua única possibilidade de exterminar as criaturas, já que o herói tem prática neste tipo de tarefa e também é capaz de andar sob a luz do dia. Liderando um grupo de vampiros que foi treinado para matá-lo, Blade tenta cumprir sua missão e, ao mesmo tempo, avalia as mudanças sofridas por seu velho amigo depois do longo tempo em que este passou sob o poder de seus adversários.

O elemento que mais se destaca ao longo do filme é, sem dúvida alguma, a agilidade na direção de del Toro, que move sua câmera com grande elegância e energia, sempre encontrando ângulos surpreendentes para mostrar as lutas entre o protagonista e seus inimigos. Coreografados por Donnie Yen, que também atua no projeto, estes embates são claramente inspirados no universo concebido pelos irmãos Wachowski em Matrix, desafiando as leis da gravidade e misturando vários estilos de artes marciais – sendo que o resultado final torna-se ainda mais grandioso graças ao auxílio da bela fotografia e dos elaborados efeitos visuais (apesar disso, vale ressaltar que, assim como aconteceu em O Homem-Aranha, em nenhum momento acreditamos realmente que as acrobacias vistas na tela são realizadas por pessoas de verdade. É sempre fácil constatar quando um personagem criado por computador surge no filme).

Já o roteiro de Goyer merece créditos por introduzir um vilão bastante ameaçador, capaz até mesmo de levar o espectador a duvidar do sucesso do herói – algo difícil de acontecer neste tipo de produção. Interpretado por Luke Goss, o líder dos Reapers é um vampiro cujos poderes foram ampliados em função de alterações genéticas: além de ser imune aos vários tipos de armamentos criados por Whistler, Nomak (o tal vilão) tem o coração envolto em uma estrutura óssea, que o protege contra estacas. E mais: em vez de simplesmente enfiar os caninos no pescoço de suas vítimas, ele possui uma maneira peculiar de sugar o sangue dos demais vampiros – algo que se torna incrivelmente assustador graças ao fabuloso design criado por Timothy Bradstreet e brilhantemente executado pela equipe de maquiagem do projeto (em alguns momentos, lembrei-me do Nosferatu de Max Schreck). Além disso, o roteiro também surpreende a platéia graças ao invencionismo de certas seqüências, como no momento em que entramos em uma boate exclusiva para vampiros e vemos um casal mastigando giletes durante um beijo.

No entanto, nada disso funcionaria caso Blade 2 não contasse com uma atuação irrepreensível de Wesley Snipes: personificando o herói do título com segurança e virilidade, ele torna-se a representação física do que os americanos costumam chamar de `cool` (bacana, legal). Já Kris Kristofferson, como Whistler, não deixa por menos: apesar de ter 66 anos, o ator possui uma presença invejável, levando a platéia a constatar que seu personagem seria perfeitamente capaz de vencer os jovens vampiros em uma luta corporal. Fechando o elenco, a bela Leonor Varela consegue transformar Nyssa em uma criatura ambígua, seduzindo e ameaçando ao mesmo tempo (e sua última cena no filme merece aplausos). Ah, sim: eu jamais poderia deixar de mencionar o sempre competente Ron Perlman, que estabelece uma química eficaz com Snipes, chamando a atenção sempre que seu personagem desafia o protagonista.

Blade 2 pode até não ser tão ambicioso quanto o excelente A Espinha do Diabo, trabalho anterior de Guillermo del Toro, mas certamente é eficiente em sua proposta: divertir sem ofender.
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25 de Junho de 2002

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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