Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
01/01/1970 | 18/08/2017 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
90 minuto(s) |
Dirigido e roteirizado por Stanley Tucci. Com: Geoffrey Rush, Armie Hammer, Clémence Poésy, Tony Shalhoub, James Faulkner, Sylvie Testud.
Poucas coisas são piores em uma obra do que falta de ambição – justamente o problema de Final Portrait, quinto trabalho de Stanley Tucci na direção e que aborda a amizade entre o pintor e escultor Alberto Giacometti e o escritor James Lord, que culminou num retrato deste pintado por aquele.
O principal interesse do diretor/roteirista, porém, parece ser o humor que enxerga nas neuroses de Giacometti, que, vivido por Geoffrey Rush, surge quase como uma caricatura do artista excêntrico: descabelado, distraído, acendendo um cigarro no outro, enxugando diversas garrafas de vinho por dia e sem ligar para dinheiro, o pintor ainda se divide entre a esposa Annette (Testud) e a prostituta Caroline (Poésy), que se torna sua obsessão. Enquanto isso, Armie Hammer encarna Lord sem qualquer personalidade, ao passo que Tony Shalhoub nada pode fazer com Diego Giacometti, irmão de Alberto, e que aparece esporadicamente com alguma ferramenta na mão para fazer comentários passageiros enquanto trabalha em uma de suas várias obras que jamais vemos.
Beneficiado por um bom design de produção, que faz seu melhor para recriar a Paris da década de 60 com um orçamento obviamente limitado, Final Portrait é feliz especialmente na maneira como retrata o estúdio/casa do artista, que ganha contornos de um sobrado abandonado, úmido e poeirento que fala muito sobre a personalidade do sujeito (ao menos, sobre sua personalidade segundo Stanley Tucci). Por outro lado, o longa jamais se decide sobre como encarar o sucesso de Giacometti, tentando criar uma aura de artista pobre ao mesmo tempo em que o retrata gastando fortunas sem parecer ter qualquer problema.
Outra característica incômoda do longa reside em sua obviedade, que prejudica de seu humor à sua exploração dos personagens: logo no início, por exemplo, ouvimos a narração de Hammer esclarecendo que Lord aceitara posar para o amigo com o entendimento de que a sessão duraria “duas ou três horas; uma tarde, no máximo” – algo que, a seguir, é repetido algumas vezes para ressaltar a piada acerca do quanto tudo irá demorar. Além disso, é irritante notar como Tucci parece não confiar na inteligência do público, já que, depois de retratar o comportamento do pintor, frequentemente traz Lord mastigando para o espectador as conclusões acerca de sua personalidade: “Parece que ele está determinado a ficar sempre insatisfeito”, recita o escritor, como se aquilo já não fosse patente.
Para piorar, Tucci não compreende sequer o propósito de seu próprio projeto. Em diversos momentos, ao enfocar Giacometti pintando Lord, o cineasta inclui planos-detalhe de traços do rosto de Armie Hammer, jamais constatando o que deveria ser claro: que não era assim que Giacometti enxergava seu modelo. Com isso, embora o filme supostamente tenha interesse no processo criativo do artista, tudo que vemos é Rush passando o pincel na tela, encarando Hammer e gritando um frustrado “Fuck” a cada cinco minutos (outra piada que se torna velha rapidamente). Sim, é interessante constatar a insegurança e capacidade autocrítica de um pintor de sucesso, mas Tucci não conduz este conceito a lugar algum.
Terminando também de forma tão abrupta que parece estar confessando não ter uma história para contar ou um personagem para desenvolver, Final Portrait é uma daquelas produções cuja presença na mostra competitiva de um festival como o de Berlim é absolutamente inexplicável.
Texto originalmente publicado como parte da cobertura do Festival de Berlim 2017.
11 de Fevereiro de 2017
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