Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
01/01/1970 | 01/01/1970 | 3 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
110 minuto(s) |
Dirigido por Philip Cox.
Rajesh Ji é um homem gordinho e de aparência inofensiva que, casado com uma mulher bastante adoentada e pai de uma criança, ganha a vida como detetive particular em Calcutá, reunindo-se com seus empregados nas horas vagas para ensaiar números de dança a fim de participar de testes para programas de tevê locais. Se esta fosse a trama de uma obra de ficção, soaria absurda demais para convencer qualquer espectador – e, portanto, é digno de nota que O Detetive Indiano seja, na realidade, um documentário.
Acompanhando o protagonista por alguns meses de sua atribulada existência, o filme de Philip Cox segue Rajesh e sua equipe enquanto estes lidam com três casos envolvendo pirataria de xampus, adultério e assassinato. Em uma sociedade na qual mais de 70% das mortes violentas jamais são solucionadas, recorrer a investigadores como Rajesh se torna uma opção relativamente sedutora para famílias em luto – e basta olhar para o número de funcionários da agência do sujeito para perceber que não lhe faltam clientes.
Infelizmente, sem saber exatamente que história pretende contar, o diretor acaba disparando para todos os lados: em um momento, estamos ao lado dos detetives enquanto examinam fotos pavorosas de uma vítima de assassinato; em outro, vemos Rajesh lidando com a saúde da esposa; mais tarde, testemunhamos seu dia a dia com o filho e, finalmente, acompanhamos seus ensaios de dança. Assim, embora tente se tornar um estudo de personagem, o longa se limita a retratar o cotidiano do personagem-título sem, com isso, conseguir estabelecer o que o move de fato. Sim, o protagonista parece se abrir para a câmera, mas seus depoimentos soam mais como expressões daquilo que ele gostaria de ser em vez de representarem aquilo que é de fato, faltando a Cox a sensibilidade ou o interesse em cutucá-lo a fim de expor esta natureza oculta.
Sem demonstrar pudores de claramente encenar acontecimentos para o espectador (como ao trazer um cliente de Rajeshi ligando para o sujeito a fim de contratá-lo), o documentário eventualmente perde o ritmo e o foco ao decidir acompanhar as consequências da prisão de um comerciante que vendia xampus falsificados, demonstrando interesse em fazer uma análise social da situação judiciária e econômica do país sem perceber estar fugindo completamente da proposta inicial da narrativa.
Com isso, podemos chegar ao final da projeção até com profunda simpatia pelo detetive indiano e mesmo com certa compaixão despertada por suas perdas pessoais e sonhos frustrados, mas não exatamente agradecidos por termos tido a oportunidade de conhecê-lo.
Observação: esta crítica foi originalmente publicada como parte da cobertura do Festival do Rio de 2011.
10 de Outubro de 2011