Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
01/01/1970 | 01/01/1970 | 1 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
91 minuto(s) |
Dirigido por Sam Voutas. Com: Zhao Jun, Vivid Wang, Jiang Xiduo.
Poucas coisas são mais constrangedoras do que uma comédia sem graça. Testemunhar os esforços desesperados de atores em busca do riso, mas sabotados pelo filme que os cerca, é algo que representa uma experiência torturante – e, neste sentido, Revolução da Luz Vermelha deveria ser denunciado à ONU por atentar contra a Convenção de Genebra.
Escrito e dirigido com uma impressionante falta de talento por Sam Voutas (que ainda faz uma constrangedora participação como um milionário da indústria erótica), o filme gira em torno do derrotado Shunzi (Jun), que é demitido no mesmo dia em que perde a esposa e a casa em que mora. Voltando a morar com os pais, ele finalmente enxerga uma oportunidade de sucesso ao decidir abrir uma sex shop – que, claro, não é vista com bons olhos pela comunidade chinesa.
E aí reside o primeiro problema do longa, que inicialmente estabelece que mais de dois mil estabelecimentos deste tipo já existem no país apenas para retratar o preconceito sofrido por Shunzi como algo natural e corriqueiro – e até mesmo o fato de enfrentar problemas para conseguir uma licença comercial contradiz a informação sobre a abundância de lojas eróticas na China moderna. Este, porém, é um tropeço menor se comparado às atuações caricatas de praticamente todo o elenco, desde o péssimo protagonista até o pavoroso Masanobu Otsuka, que só falta escorregar numa casca de banana para tentar transformar seu chefão do mundo erótico em uma figura divertida (mas sem jamais alcançar sucesso na empreitada). Como se não bastasse, até a trilha sonora do projeto se revela rasteira, soando mais como um tema de Nintendo do que como algo feito para o Cinema.
Atormentando o espectador com cenas longas que se arrastam interminavelmente na tentativa de provocar o riso, o filme investe em diálogos sem vida que deveriam ter sido limados na primeira revisão do roteiro – e, ao longo da projeção, são extremamente comuns os momentos como aquele em que dois personagens mantêm conversas do tipo:
- Quer saber de uma novidade?
- Não.
- Não quer?
- Quero.
- Então eu vou contar.
- Conte.
- Prepare-se, pois vou te contar a novidade.
- Conte logo!
- Quer mesmo ouvir?
- Sim.
- Então eu vou contar.
E se já senti sono apenas ao citar esta passagem, imaginem o que significa ser submetido a 91 minutos de instantes como este.
O mais absurdo, porém, é que Voutas parece realmente acreditar ter concebido uma trama com início, meio e fim que estabelece um arco reconhecível para seu protagonista, já que, durante o terceiro ato, investe no tipo de solução que, envolvendo uma comunidade interessada em ajudar um de seus membros, simplesmente ignora o fato incontestável de que Shinzu jamais se revelou como alguém digno de ser auxiliado pelos vizinhos, já que não se mostrou especialmente divertido, simpático ou minimamente carismático – indicando que o cineasta espera que aceitemos que o sujeito seja amado por todos apenas por ser o personagem principal do longa.
Infelizmente para Voutas (e para o filme), porém, a realidade é que Shinzu poderia morrer carbonizado sem provocar qualquer lamentação por parte do público. E eu, particularmente, ainda ficaria feliz em atirar as cópias desta porcaria no fogo.
03 de Novembro de 2010
Observação: esta crítica foi originalmente publicada como parte da cobertura da Mostra Internacional de Cinema de SP 2010.
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