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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
12/11/2010 01/01/1970 3 / 5 4 / 5
Distribuidora

Red - Aposentados e Perigosos
Red

Dirigido por Robert Schwentke. Com: Bruce Willis, John Malkovich, Mary-Louise Parker, Helen Mirren, Brian Cox, Karl Urban, Rebecca Pidgeon, James Remar, Julian McMahon, Ernest Borgnine, Morgan Freeman e Richard Dreyfuss.

Helen Mirren disparando uma submetralhadora. John Malkovich, ensandecido, carregando um porquinho de pelúcia. Bruce Willis sendo Bruce Willis. Se Red – Aposentados e Perigosos tem uma virtude inquestionável, esta reside em seu elenco, que ainda se dá ao luxo de trazer os veteranos Richard Dreyfuss (por que anda tão sumido?) e Ernest Borgnine (como ainda está vivo?) em pontas que, mesmo não sendo particularmente inspiradas, ao menos são feitas por... Richard Dreyfuss e Ernest Borgnine.

Inspirado em uma graphic novel de Warren Ellis e Cully Hamner e roteirizado pelos irmãos Jon e Erich Hoeber, o filme traz Willis como o agente aposentado da CIA Frank Moses, que, metódico ao extremo, acorda pontualmente todos os dias às 6 da manhã sem nem mesmo precisar de um despertador. Encantado por Sarah (Parker), supervisora encarregada de resolver quaisquer problemas com o pagamento de sua pensão, ele rasga os cheques que recebe pelo correio apenas para poder entrar em contato com a moça, que, por sua vez, leva uma existência entediante e parece corresponder ao interesse do sujeito. É então que Frank é atacado por um grupo armado e obrigado a fugir, levando Sarah consigo e buscando a ajuda dos ex-companheiros de profissão Joe (Freeman) e Boggs (Malkovich).

Dirigido por Robert Schwentke (responsável pelo correto Plano de Vôo e pelo ótimo Te Amarei para Sempre), Red exibe uma interessante e eficaz estilização em certas seqüências de ação, empregando ângulos baixos, câmera lenta e uma lógica absurda ao enfocar os bandidos destruindo a casa de Moses com centenas de tiros, por exemplo, ou ao trazer o herói descendo com tranqüilidade e segurança de um carro em meio a uma manobra – o que remete diretamente ao universo dos quadrinhos, no qual ocorrências como estas se mostram perfeitamente à vontade. Infelizmente, porém, estes exemplos são relativamente raros no longa, que no restante de suas cenas de ação parece se entregar ao formulaico – como no tiroteio na neve, na invasão ao prédio da CIA (que empalidece, por exemplo, quando comparada àquela vista em Missão: Impossível) e até mesmo em seu clímax decepcionante.

Falhando também ao não conseguir justificar a opção narrativa de empregar cartões postais como forma de transição (especialmente porque eles acabam sendo seguidos por tradicionais establishing shots, tornando-se redundantes), o filme ainda é prejudicado por um roteiro que, parecendo acreditar que os heróis enrugados e calvos (ou grisalhos) serão atrativo suficiente para manter a história interessante, não se preocupa em criar uma trama consistente ou mesmo em desenvolver os personagens, que se mantêm unidimensionais do início ao fim – e mesmo a curiosa excitação de Sarah em meio ao perigo (e que é retratada com divertido charme por Mary-Louise Parker) é praticamente abandonada depois de certo tempo, o que é desapontador.

Aliás, se Parker encanta mesmo com uma personagem que jamais faz jus à promessa inicial (e como a atriz tem ficado ainda mais bela com a idade!), Malkovich ao menos tem a chance de se entregar aos seus exageros habituais – e que o tornam sempre fascinante – ao encarnar um agente enlouquecido por 12 anos de LSD, sendo responsável por alguns dos melhores momentos da projeção. Enquanto isso, Rebecca Pidgeon, numa rara participação fora da filmografia do marido David Mamet, é sabotada por uma vilã burocrática, sendo ofuscada até mesmo por Karl Urban, que tem a chance de viver um assassino relativamente interessante. Já Brian Cox (com um sotaque russo carregado) e Helen Mirren (com uma submetralhadora carregada) parecem se divertir com os seus papéis, o que se mostra mais do que suficiente, ao passo que Morgan Freeman mais uma vez é relegado a um papel que apenas desperdiça seu notável talento. Fechando o elenco, Bruce Willis exibe seu charme costumeiro ao conferir uma tranqüilidade inabalável ao protagonista, como se este estivesse apenas se divertindo diante dos esforços de seus inimigos – uma caracterização que se tornou uma verdadeira especialidade do ator.

Não é à toa que, considerando o calibre do elenco, a aparição do aborrecido Julian McMahon como o vilão se revele uma decepção, já que, àquela altura, o espectador já espera mais alguém como Edward Norton ou Matt Damon do que um intérprete inexpressivo como o que viveu o antagonista do Quarteto Fantástico – e é surpreendente que Schwentke não tenha percebido que as pontas de figuras como Dreyfuss e Borgnine prometiam algo mais satisfatório para o clímax do que o Dr. Doom.

Ainda assim, Red é uma bobagem suficientemente divertida e dinâmica para se estabelecer como um passatempo casual - algo a ser prontamente esquecido assim que as luzes da sala se acenderem.

12 de Novembro de 2010

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Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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