Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
02/12/2011 | 01/01/1970 | 3 / 5 | 5 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
98 minuto(s) |
Dirigido por James Bobin. Com: Jason Segel, Amy Adams, Chris Cooper, Rashida Jones, Sarah Silverman, Donald Glover, Alan Arkin, Zach Galifianakis, Ken Jeong, Emily Blunt, John Krasinski, Judd Hirsch, Rico Rodriguez, Neil Patrick Harris, Selena Gomez, Whoopi Goldberg, Mickey Rooney, Jack Black, Kristen Schaal e as vozes de Steve Whitmire, Eric Jacobson, Dave Goelz, Bill Barretta, Matt Vogel e Peter Linz.
Sucesso durante as décadas de 70 e 80 e tendo chegado aos cinemas pela última vez em 1999, os Muppets retornam as telonas com este novo filme que provavelmente representará uma experiência atípica no que diz respeito a produções voltadas para a família, já que é possível que, ao contrário do que ocorre habitualmente, os pais sejam obrigados a arrastar os filhos pequenos para o cinema movidos pela nostalgia e pelo carinho pelos personagens criados por Jim Henson. Se o fizerem, encontrarão um longa que, ao contrário de boa parte dos projetos infantis contemporâneos (e da DreamWorks PDI em especial), investe num humor doce e inocente em vez de mergulhar na ironia e nas abundantes referências pop.
Apresentando aos fãs um novo muppet, Walter (Linz), o filme tem início na pequena cidade de (sim) Smalltown, onde este vive ao lado do irmão, o humano Gary (Segel). Fã da turma de Kermit (ex-Caco) e Miss Piggy, Walter quase enlouquece ao ser convidado por Gary para acompanhá-lo a Los Angeles a fim de visitarem os antigos estúdios que abrigavam a produção de “Os Muppets”, onde acaba entreouvindo os planos do vilão milionário (sim) Richman (Cooper), que pretende destruir o local para explorar petróleo. Alertado por Walter, Gary e Mary (Adams), namorada do rapaz, Kermit decide reunir os velhos amigos para um último show com o objetivo de arrecadarem os dez milhões de dólares necessários para salvar o estúdio – e, assim, todos partem numa jornada estilo Irmãos Cara-de-Pau em busca de Gonzo, Fozzie, Animal, Miss Piggy e companhia.
Escrito por Jason Segel (fã assumido dos personagens) e por Nicholas Stoller, que o dirigiu em Ressaca de Amor, Os Muppets assume já de cara um humor autodepreciativo e metalinguístico que constantemente alfineta a própria narrativa, como no instante em que um ônibus carregando um coral fornece uma providencial trilha sonora e aquele em que os rabugentos Statler e Waldorf apontam que certa fala dita por Richman é uma exposição clara de um ponto importante da trama. Da mesma maneira, quando o longa começa a perder o ritmo e a se tornar repetitivo à medida que Kermit reencontra os velhos amigos, alguém sugere que o restante da sequência seja acelerado através de uma montagem, o que imediatamente é colocado em prática (e até mesmo a convenção da trajetória marcada em um mapa é satirizada pelos irreverentes bonecos).
Sem ceder aos avanços tecnológicos da computação gráfica e insistindo (acertadamente) em criar seus personagens através da velha técnica de manipulação de marionetes, o diretor estreante James Bobin não teme enfocar os muppets constantemente da cintura para cima a fim de ocultar os titereiros ou de escancarar que algumas das criaturas nada mais são do que atores usando fantasias – o que, claro, apenas potencializa a atmosfera de nostalgia do projeto. Enquanto isso, o design de produção de Steve Sakland (Arraste-me para o Inferno) adota uma estratégia curiosa ao enfocar Smalltown como uma salada de frutas cronológica na qual tevês de LCD dividem espaço com videocassetes; carros e roupas da década de 50 se contrapõem ao fato de o filme se passar nos dias atuais e Jack Black é um grande astro embora já não estejamos mais em 2005.
Fazendo jus às inúmeras participações especiais que se tornaram algo corriqueiro nos programas de tevê estrelados pelos Muppets (e por seus primos de Sesame Street), o filme conta com uma lista impressionante de atores em aparições quase sentimentais, merecendo destaque os veteranos Mickey Rooney e Alan Arkin e, claro, aquele intérprete cuja identidade manterei em segredo e que surge breve e perfeitamente como a versão humana de Walter. E se Jason Segel e Amy Adams conferem simpatia ao casal Gary e Mary, Chris Cooper surge surpreendente como um vilão que, em certo momento, chega a protagonizar um rápido número de rap – uma visão atípica considerando a seriedade habitual do ator. Para finalizar, é preciso aplaudir a ideia de escalar Emily Blunt como a secretária de Miss Piggy, numa brincadeira inspirada que traça um paralelo divertido entre a porquinha e a personagem de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada.
Podendo soar anacrônico em um mundo no qual até as produções infantis se veem levadas a adotar uma visão cínica e individualista da realidade (algo refletido no programa “Soque Seu Professor” visto aqui), Os Muppets, com suas canções otimistas e alegres, surge como um sopro refrescante de ingenuidade – e mesmo que não seja um grande filme, é divertido e agradável o bastante para talvez garantir a sobrevida de seus adoráveis personagens.
Mah Nà Mah Nà.
02 de Dezembro de 2011