Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
07/09/2005 | 15/07/2005 | 4 / 5 | 4 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
119 minuto(s) |
Dirigido por David Dobkin. Com: Vince Vaughn, Owen Wilson, Christopher Walken, Rachel McAdams, Jane Seymour, Isla Fisher, Ellen Albertini Dow, Keir O’Donnell, Bradley Cooper, Dwight Yoakam, Henry Gibson, Rebecca De Mornay.
No final da década de 70 e na primeira metade da de 80, o Cinema norte-americano investiu pesado em um filão no qual os cineastas brasileiros vinham se especializando há algum tempo: as comédias eróticas. Porém, enquanto no Brasil a ênfase se encontrava na palavra `erótica`, sacrificando roteiro, atuações ou qualquer outro elemento que pudesse atrapalhar a exploração dos corpos das atrizes, em Hollywood o processo funcionou de forma um pouco mais sutil, refletindo o conservadorismo (e o falso moralismo) daquele país. Foi uma época que gerou filmes como Clube dos Pilantras, Clube dos Cafajestes, A Primeira Transa de Jonathan, O Último Americano Virgem, Porky’s e várias outras produções que, apesar do sucesso de público alcançado na época, hoje se encontram (ao menos em sua maioria) datadas, obviamente enfraquecidas. Finalmente, ocorreu o inevitável: o gênero perdeu sua força, vítima do desgaste provocado pela exploração excessiva e pela queda visível na qualidade das produções. O ciclo parecia ter chegado ao fim.
Mas isso foi temporário, como tudo em Hollywood. Nos últimos anos, comédias mais `apimentadas` voltaram a explorar o sexo de forma escancarada, gerando resultados que variam entre o bom (American Pie, Dias Incríveis) e o pavoroso (100 Garotas). São filmes que não têm medo da nudez e do politicamente incorreto, e que contam com personagens dispostos a tudo por uma boa noite (ou manhã ou tarde) de sexo intenso. É este o caso de Penetras Bons de Bico, que traz Owen Wilson e Vince Vaughn como dois mediadores de divórcio que, nas horas de lazer, se especializam em invadir casamentos para os quais não foram convidados, emendando a cerimônia à festa que invariavelmente vem a seguir. O objetivo da dupla é claro: aproveitar o clima romântico da celebração e a embriaguez das convidadas para seduzir as mulheres que lhe interessarem. Porém, as coisas se complicam quando John (Wilson) se apaixona pela filha do poderoso Secretário de Estado interpretado por Christopher Walken depois de conhecê-la em um casamento. Convidado a passar o fim-de-semana na casa de campo da família do político, John tenta conquistar Claire enquanto seu amigo Jeremy se vê às voltas com a fogosa irmã da garota.
Escrito pelos estreantes Steve Faber e Bob Fisher, Penetras Bons de Bico conquista o espectador através não apenas de suas piadas, mas também do charme de seus protagonistas. Sim, John e Jeremy são mentirosos, inconseqüentes e imaturos – mas não há como negar que também são divertidos, não obrigam ninguém a fazer nada (se conseguem tantas mulheres, é porque estas se deixam seduzir) e, no final das contas, alegram as festas que invadem, já que disfarçam a condição de `penetras` justamente ao se exporem excessivamente, seguindo a lógica de que ninguém que não tivesse sido convidado se arriscaria a chamar tanta atenção. Assim, eles cantam, dançam, discursam e brincam com as crianças, utilizando-as como `chamariz` para garotas que se encantam facilmente com homens `sensíveis`.
Aliás, as táticas utilizadas pelos protagonistas são sensacionais: caras-de-pau ao extremo, os dois assumem personalidades diferentes em cada nova festa, passando-se até mesmo por veteranos de guerra a fim de comoverem suas presas – e os métodos da dupla são retratados de forma hilária pelo diretor David Dobkin através de duas ótimas montagens (um recurso que normalmente me incomoda pela obviedade, mas que aqui acaba se revelando acertado). Além disso, não há como negar que Owen Wilson e Vince Vaughn exibem uma ótima química como parceiros cômicos: enquanto o primeiro assume seu tipo calmo e relaxado de sempre, o segundo exibe uma energia assustadora, conferindo uma intensidade absurda a praticamente todas as suas cenas – algo que até leva Wilson a ficar um pouco ofuscado, diga-se de passagem.
Por outro lado, o veterano Christopher Walken acaba sendo desperdiçado pelo filme, já que não recebe a oportunidade de utilizar seu talento para criar personagens bizarros ao compor o Secretário de Estado Cleary (na maior parte do tempo, Dobkin limita-se a captar as reações do ator ao que acontece à sua volta). E se Bradley Cooper exagera ao transformar Sack em um vilão detestável (quando, numa comédia, o ideal seria que o achássemos ridículo e desprezível, mas não odioso), Rachel McAdams mais uma vez conquista o espectador com seu talento e sua beleza – característica que eu já havia apontado ao escrever sobre Meninas Malvadas. Fechando o elenco em pequenas participações, vêm Will Ferrell, que arranca boas gargalhadas com suas caracterizações sempre over, e Rebecca De Mornay, que serve como um interessante link entre este filme e outra das comédias eróticas dos anos 80, o bacana Negócio Arriscado.
Ainda assim, Penetras Bons de Bico certamente seria mais eficaz caso tivesse uns 15 minutos a menos, já que, com quase duas horas de duração, é longo demais para uma comédia, esticando a trama a ponto de diluir o humor em alguns momentos. Por que perder tempo com personagens como a avó amalucada e a mãe ninfomaníaca (vivida pela sempre bela Jane Seymour) se estas não são suficientemente importantes ou engraçadas para justificar os preciosos minutos em que ocupam a tela?
Seja como for, é bastante provável que este longa seja indicado a alguns Globos de Ouro no início do ano que vem. E se Vince Vaughn não estiver entre os finalistas na categoria Melhor Ator – Comédia, prometo assistir a uma maratona dos filmes estrelados por Rob Schneider. E eu não me arriscaria a assumir um compromisso assustador como este caso não tivesse certeza do mérito de Vaughn.
07 de Setembro de 2005
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