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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
31/08/1979 31/08/1979 3 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
112 minuto(s)

Um Século em 43 Minutos
Time After Time

Dirigido por Nicholas Meyer. Com: Malcolm McDowell, David Warner, Mary Steenburgen, Charles Cioffi, Kent Williams, Patti D`Arbanville e Corey Feldman.

Malcolm McDowell é um dos atores que eu gostaria de ver com mais freqüência. Ele não é apenas extremamente talentoso. Há algo em sua personalidade, ou em seu jeito de atuar, que atrai a atenção do espectador. Ele é uma presença extremamente forte na tela. Ele merece filme melhores que Tank Girl.

Vejam, por exemplo, este Um Século em 43 Minutos, onde McDowell interpreta H.G. Wells, o clássico autor de histórias como A Máquina do Tempo e O Homem Invisível. Ele não apenas interpreta Wells - ele se torna Wells. É incrível. Não houve um minuto sequer em que eu não tenha acreditado piamente que aquela figura na tela era a personificação exata de quem teria sido o escritor.

Dito isso, podemos falar do filme, propriamente dito: é bastante divertido, tem algumas idéias bem interessantes e conta com boas interpretações dos outros dois personagens principais (Steenburgen e Warner). No entanto, o roteiro tem tantos `buracos` que, aos poucos, comecei a me sentir incomodado. As perguntas não respondidas foram se acumulando até comprometer o resultado final do filme.

A história: H.G. Wells acaba de revelar a seus amigos a invenção da máquina do tempo. É quando um de seus melhores amigos, o dr. John Stevenson (Warner), é identificado como sendo o temível Jack, o Estripador. Jack acaba usando a máquina de Wells para fugir da polícia e Wells, sentindo-se responsável pela fuga, vai atrás do assassino. O ano agora é 1979 e Wells tem que perseguir o vilão enquanto tenta se adaptar ao novo mundo. No caminho, ainda acaba se envolvendo com uma funcionária do Banco de Londres, vivida por Mary Steenburgen.

Um dos primeiros buracos do roteiro é a viagem no tempo. Se Wells partiu de Londres, como pôde `aterrisar` na Califórnia? A única explicação que o filme sugere é o fato da máquina do tempo ter sido levada para os EUA em uma exposição. Mas esta explicação é, obviamente, um atentado à lógica (mesmo que consideremos viajar no tempo lógico). Outro: quando Wells inicia sua viagem, o ano é 1893. Portanto, por que cargas d’água ele se identifica ao policial de 1979 como sendo `Sherlock Holmes`? Em 1893, Holmes já era um personagem de ficção extremamente conhecido. É óbvio que os policiais não acreditariam nele. Ou será que os roteiristas quiseram nos fazer acreditar que Wells ignoraria este fato?

Mais um: em certo momento, a personagem de Steenburgen deve ficar atenta ao horário, para não se atrasar (o motivo desta `urgência` não me atrevo a revelar). No entanto, o que ela faz? Toma um sedativo misturado com conhaque! Bastante ilógico, não?

Aliás, Steenburgen é uma das grandes revelações de Um Século.... Geralmente, em filmes nos quais a mocinha corre perigo de vida (90% do total de filmes produzidos, talvez), não costumo me importar muito com o que vai acontecer a elas. Elas não são reais. Mas desta vez fui realmente convencido de sua vulnerabilidade. Eu temi por seu destino. Uma grande atuação, sem dúvida. (Uma curiosidade: em De Volta Para o Futuro 3 ela viria a se apaixonar por outro cientista que viajou no tempo, só que desta vez a situação seria inversa: ela seria de 1885, enquanto Doc Brown viria de 1985.)

Outro ponto alto é a trilha sonora de Miklos Rozsa (Ben-Hur, Quo Vadis?, entre vários outros), como já era de se esperar. Já a direção de Nicholas Meyer é apenas convencional, não prejudicando nem acrescentando nada ao filme. Quanto à `viagem no tempo`, propriamente dita... bem, eu ainda prefiro à de A Máquina do Tempo, de 1960.

Para terminar, um comentário: a tradução do título original para Um Século em 43 Minutos realmente me agradou (o que é raro em se tratando de títulos brasileiros). No entanto, é errada: Wells viaja 86 anos, e não 100. Ou será que o título brasileiro foi dado para combinar com os buracos do roteiro?
``

15 de Janeiro de 1998

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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