Datas de Estreia: | Nota: | ||
---|---|---|---|
Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
15/01/1988 | 15/01/1988 | 5 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
102 minuto(s) |
Dirigido por Norman Jewinson. Com: Cher, Nicolas Cage, Vincent Gardenia, Olympia Dukakis, Danny Aiello, John Mahoney, Julie Bovasso e Louis Guss.
Feitiço da Lua é um daqueles filmes feitos para te deixar feliz. É impossível sair do cinema (ou de frente da televisão) indiferente a esta deliciosa comédia romântica de Norman Jewinson. O filme é, antes de tudo, uma fábula. Afinal, tem todos os `ingredientes` de uma: é divertido, leve, simples e, no final, ainda oferece uma `moral da história`.
Loretta Castorini (Cher) é uma viúva de 37 anos. Ela é contadora e, nas horas vagas, sai com o insípido Johnny Cammareri (Aiello). Certo dia, ele a pede em casamento e ela - sem pensar muito - aceita. O problema é que a mãe de Johnny está morrendo, e então ele deve, antes do casamento, viajar para Palermo e enterrar sua querida mãezinha. Antes de partir, no entanto, ele faz um pedido à sua noiva: que ela procure seu irmão Ronny Cammareri (Cage), com quem não conversa há cinco anos, e o convide para o casamento. Loretta promete fazer isso.
No entanto, as coisas não acontecem exatamente como ela havia previsto: Ronny é um sujeito amargo, que culpa o irmão por tê-lo feito perder a mão e a noiva, anos antes. Loretta, a fim de confortá-lo (e convidá-lo para o casamento), acaba indo até seu apartamento e - é claro - acaba passando a noite com ele. No dia seguinte, já refeita, ela se dá conta do que fizera e resolve fingir que nada aconteceu. Ronny aceita fazer isso, mas impõe uma condição: `Eu amo duas coisas na minha vida.`, ele diz. `Eu amo você e eu amo ópera. Se eu puder ter as duas coisas que amo, juntas, durante uma noite, eu sairei de sua vida.`. Para complicar as coisas ainda mais, a mãe de Johnny se recupera `milagrosamente`, e ele volta de Palermo mais cedo.
Lendo a sinopse acima friamente, tem-se a impressão de que se trata do mais puro melodrama, repleto de chavões. E é essa, justamente, a mágica deste filme. A história é tratada de uma maneira tão inteligente que, ao ver o filme, o espectador tem a impressão de estar vendo algo completamente novo e original. E, de certa forma, não estará longe da verdade: o roteiro de de John Patrick Shanley é capaz de recriar em cima de uma situação tão antiga quanto a Bíblia: o triângulo amoroso (e o filme é repleto deles: Johnny-Loretta-Ronny; Rose-Cosmo-Mona; Rose-Perry-Cosmo, e assim por diante.).
A família de Loretta é outro espetáculo a parte: Vincent Gardenia (como o patriarca pão-duro e infiel) está fantástico. Seu Cosmo é capaz de ser desagradável e cativante ao mesmo tempo. Olympia Dukakis, por sua vez, rouba todas as cenas em que aparece, numa interpretação tão comovente quanto engraçada. E há, é claro, os tios de Loretta, que protagonizam uma das cenas mais singelas do filme: quando ele acorda no meio da noite, surpreso pelo tamanho da Lua (não devo dizer mais nada para não entregar a explicação do título), sua esposa olha para ele e diz, apaixonada: `Você, com essa expressão no rosto e debaixo dessa luz, está parecendo um rapaz de 25 anos.`. É isso que conquista neste filme: os personagens sempre têm algo de agradável para dizer uns aos outros.
Nicolas Cage também alcança um dos pontos altos de sua carreira neste filme: é difícil não se comover por seu olhar de bebê chorão. Até mesmo o personagem de John Mahoney, que em um outro filme eu não hesitaria em classificar como `dispensável`, se faz fundamental (ele interpreta Perry, um professor que insiste em sair com suas alunas para compensar suas próprias frustrações).
Feitiço da Lua, é, enfim, um dos melhores trabalhos de Jewinson. E se considerarmos que em seu currículo há preciosidades como No Calor da Noite e A História de um Soldado só podemos chegar a uma conclusão: este filme (assim como a Lua) enfeitiça.
22 de Novembro de 1997