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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
07/10/1994 29/07/1994 3 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
101 minuto(s)

Direção

Andrew Bergman

Elenco

Stanley Tucci , Nicolas Cage , Bridget Fonda , Rosie Perez , Wendell Pierce

Roteiro

Jane Anderson

Produção

Mike Lobell

Fotografia

Caleb Deschanel

Música

Carter Burwell

Montagem

Barry Malkin

Design de Produção

Bill Groom

Figurino

Julie Weiss

Direção de Arte

Dennis Bradford

Atraídos Pelo Destino
It Could Happen to You

Dirigido por Andrew Bergman. Com Nicolas Cage, Bridget Fonda, Rosie Perez, Wendell Pierce.

Não há nada melhor do que uma boa comédia romântica para fazer com que nos sintamos de bem com a vida. É realmente gostoso acompanhar uma história leve, divertida, cheia de boas intenções. É agradável assistir Atraídos pelo Destino.

Charlie Lang (Cage) é um honesto policial de Nova York. Ele é casado com a ambiciosa Muriel (Perez), que anseia urgentemente por uma vida mais confortável. Certa manhã, Muriel diz ter sonhado com o falecido pai e manda o marido comprar um bilhete da loteria estadual. Depois de cumprir com sua `obrigação`, Charlie (e seu parceiro de ronda) para em uma lanchonete a fim de tomar café. Na hora de pagar, uma surpresa desagradável: ele não tem dinheiro para deixar uma gorjeta para a garçonete que o atendeu, a bela Yvonne Biasi (Fonda).

Para remediar a situação, Charlie faz um acordo com a moça: se ganhar na loteria, metade do prêmio fica para ela. Se não ganhar, ele volta no outro dia e deixa uma gorjeta de todo o jeito. Para sua surpresa, no entanto, ele ganha 4 milhões de dólares e se vê em uma encruzilhada: deve cumprir ou não com o trato que fez na véspera? Sua esposa Muriel, é claro, fica irritada quando descobre a promessa do marido e diz que ele não deve dar 2 milhões de dólares de gorjeta para uma total desconhecida.

Mas é claro que Charlie, sendo o herói, resolve honrar sua palavra: `Promessa é promessa.`, diz ele. A imprensa, quando descobre o que aconteceu, faz uma festa: todos os jornais passam a contar a história sobre o policial que deu 2 milhões de dólares de gorjeta. Charlie e Yvonne passam a se encontrar regularmente e, é claro, acabam se apaixonando. Porém, nem tudo são flores para o casal: Muriel resolve pedir o divórcio e, o que é pior, quer ficar com todo o dinheiro para ela - mesmo a parte da garçonete.

O trio principal está muito bem: Cage realmente convence como o policial íntegro e de bom coração que fica cansado das futilidades da esposa. Fonda, sempre uma gracinha, faz de sua Yvonne uma moça meiga, carente e despojada. Mas a grande atuação é de Rosie Perez, que faz uma vilã deliciosa. Sua fala rápida, seu sorriso forçado e sua ambição desmedida nos fazem realmente odiar aquela mulher. Chega a dar vontade de entrar no filme e dar uns bons cascudos na antipática Muriel.

Mas, infelizmente, os adjetivos do filme param por aí. Falta muito para que Atraídos pelo Destino chegue a ser um Sintonia de Amor. O roteiro de Jane Anderson tem um grave defeito: é extremamente manipulador. Ele não nos dá a mínima chance de ver o lado da esposa de Charlie, optando pintar a mulher como ambiciosa, inescrupulosa, e só. É uma personagem de apenas uma dimensão, e não um ser humano. Tudo bem: este filme é uma fábula (tem até narrador), mas isso não quer dizer que todos os personagens têm que ser estereotipados - há o policial bonzinho, a garçonete boazinha, e a esposa malvada. E o que é pior: a melhor forma que Anderson encontrou de mostrar para o espectador como Yvonne é caridosa foi colocar um freguês aidético na lanchonete a fim de que a garçonete pudesse tratá-lo bem. E o policial ainda comenta: `Ela tem fregueses com AIDS por lá, e os trata como anjos!` Bastante infeliz, esta frase. E escandalosamente preconceituosa.

Isso sem mencionar certos detalhes que soam totalmente falsos no roteiro. Por exemplo: depois de ganhar 2 milhões de dólares e comprar a lanchonete em que trabalhava, Yvonne não resolve aproveitar um pouco a vida, viajar, ou qualquer coisa nesse sentido. Não, nada disso: ela continua a trabalhar como garçonete - `É a única coisa que sei fazer.`, diz a moça. O reencontro do casal na lanchonete (`Você deve me odiar!`) também é uma pérola de artificialidade.

Mas é um filme agradável de se ver. E é isso que importa. Acho.
``

22 de Janeiro de 1997

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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