Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
01/01/1970 | 01/01/1970 | 4 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Dirigido por Charly Braun. Com: Esteban Feune de Colombi, Jill Mulleady, Hugo Arias, Guilhermina Guinle.
Há algo de Antes do Amanhecer neste belo Além da Estrada. Contando a história de um casal de jovens que se conhece durante uma viagem e que, vindos de países e culturas diferentes, acabam passando um bom tempo juntos enquanto aprendem mais um sobre o outro, o romântico filme do brasileiro Charly Braun substitui a Viena do longa de Richard Linklater por uma longa jornada no Uruguai, conquistando o espectador não só pela escala da viagem, mas também graças ao carisma do protagonista (o ótimo argentino Esteban Feune de Colombi).
Estruturado essencialmente como um road movie, o roteiro do próprio Braun se revela menos importante do que a beleza dos lugares nos quais a história se passa – e, neste aspecto, Além da Estrada é memorável e deveria render um prêmio ao seu location scout (indivíduo responsável por pesquisar locações para um projeto). Trazendo ambientes magníficos como o pequeno castelo no meio do nada e a propriedade idílica do tio do personagem principal, o filme deveria vir acompanhado de um guia que informasse ao público exatamente onde aqueles lugares podem ser visitados, o que comprova, no mínimo, que a história é bem-sucedida ao capturar a imaginação do espectador.
Porém, o longa não se interessa apenas pela geografia uruguaia, mas também por seus habitantes, assumindo um caráter documental em várias passagens que trazem conversas de Santiago (Colombi) com figuras como um trovador centenário (cuja memória encontra-se “conectada aos sentimentos”) e um fazendeiro que parece incapaz de controlar o volume de sua voz – personagens obviamente reais que são integrados de forma orgânica à ficção do filme. Nestes momentos, aliás, o protagonista assume a postura de entrevistador, manifestando curiosidade sobre a vida daquelas pessoas e extraindo informações curiosas que enriquecem a obra – e até mesmo a modelo Naomi Campbell surge interpretando a si mesma em duas ou três cenas divertidinhas, mas dispensáveis.
Usando o interesse romântico crescente que Santiago e Juliette (Mulleady) demonstram um pelo outro como fio condutor da narrativa, Além da Estrada ainda conta com uma trilha incidental memorável e uma estratégia visual inteligente que, ao transformar as lembranças do protagonista em passagens rodadas em 16mm, funciona ao ilustrar a força e o romantismo que aqueles momentos adquirem para o rapaz, justificando suas ações no terceiro ato da projeção.
Com um plano final extremamente evocativo e poético, Além da Estrada já estabelece seu jovem diretor como uma figura de imenso potencial que merece ser acompanhada de perto pelos cinéfilos brasileiros. Ou, considerando o aspecto internacional desta produção, latinos de modo geral.
Observação: esta crítica foi originalmente publicada como parte da cobertura da Mostra de SP 2010 – daí sua menor extensão.
29 de Outubro de 2010
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