Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
14/10/2005 | 21/05/2004 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
90 minuto(s) |
Dirigido por Roland Suso Richter. Com: Ryan Phillippe, Stephen Rea, Sarah Polley, Piper Perabo, Robert Sean Leonard, Stephen Lang, Peter Egan, Stephen Graham, Rakie Ayola.
Ao acordar em um leito de hospital, Simon Cable é informado por um médico de que esteve morto por dois minutos antes de finalmente ser ressuscitado com um desfibrilador. Sem saber como foi parar ali, o rapaz constata, também, que não consegue se lembrar de nada que ocorreu nos dois últimos anos – e, à medida que procura resgatar sua memória, é surpreendido ao descobrir que é casado, tem uma amante e que seu único irmão faleceu em um estranho acidente. E o que é pior: é possível que ele esteja sendo vítima de uma conspiração cujo propósito é matá-lo ou enlouquecê-lo.
Toda esta complexa situação é apresentada de forma bastante objetiva já nos dez minutos iniciais de O Terceiro Olho, roteirizado por Timothy Scott Bogart e Michael Cooney a partir da peça escrita por este último. No entanto, isto é apenas o começo da estranha jornada psicológica vivida por Simon, que, depois de perder os sentidos mais uma vez, desperta no mesmo hospital, mas dois anos antes. A partir daí, ele passa a viver alternadamente em dois momentos distintos do tempo e procura alterar os acontecimentos que conduziram à morte de seu irmão – algo que acaba levando-o a descobrir detalhes assustadores sobre sua própria vida.
A princípio, o conflito criado pela história é interessante: enquanto o Simon de 2002 não consegue se lembrar do que ocorreu nos dois anos anteriores, sua versão de 2000 se recorda de fatos que ainda vão acontecer – e cabe ao rapaz fazer com que estas duas realidades passem a coincidir. Aliás, este recurso narrativo de permitir que a trama oscile entre universos supostamente paralelos é algo que Michael Cooney voltaria a utilizar pouco depois no ótimo Identidade (este O Terceiro Olho foi rodado antes do filme estrelado por John Cusack e Ray Liotta), mas de forma mais engenhosa, já que, aqui, ele comete o erro de permitir que, a partir de certo ponto, o espectador passe à frente do herói, tornando-se ciente de fatos que este demora a descobrir.
E é aí que o filme desmorona: enquanto somos mantidos no escuro ao lado de Simon, a história soa tensa e fascinante; porém, quando Simon se choca ao descobrir a identidade da noiva de seu irmão (para citar apenas um exemplo), não podemos evitar um suspiro impaciente, já que havíamos deduzido aquilo há um bom tempo. Assim, as constantes viagens no tempo feitas pelo herói revelam-se insuficientes para nos manter interessados nas reviravoltas da trama enquanto esperamos que o personagem e o filme nos alcancem. O diretor alemão Roland Suso Richter até que se esforça para manter a tensão, empregando todo tipo de recurso à sua disposição, como closes fechadíssimos, ângulos extremos de posicionamento da câmera, cortes bruscos e lentes que distorcem a imagem – mas nada disso é suficiente para contornar a mesmice do roteiro.
Como se não bastasse, o bom elenco (que inclui minha musa Sarah Polley) é simplesmente desperdiçado, já que as constantes mudanças de situação impedem que os atores construam seus personagens de forma coesa: Ryan Phillippe, por exemplo, é obrigado a viver Simon de várias maneiras diferentes, oscilando da paranóia à serenidade sem qualquer justificativa (ou, pelo menos, com justificativas pouco convincentes do ponto de vista dramático).
Depois de um início promissor, O Terceiro Olho revela-se decepcionante, limitando-se a reciclar aspectos empregados de forma mais inteligente em obras como Alucinações do Passado e Uma Simples Formalidade (estrelado por Roman Polanski e Gérard Depardieu em 1994 e, infelizmente, pouco visto no Brasil). Não é de se espantar que tenha sido lançado diretamente na tevê norte-americana, sem conseguir ser distribuído nos cinemas. Pena que isto não se repetiu por aqui.
07 de Outubro de 2005