Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
21/06/2002 | 19/10/2001 | 5 / 5 | 5 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
147 minuto(s) |
Dirigido por David Lynch. Com: Naomi Watts, Laura Elena Harring, Justin Theroux, Ann Miller, Mark Pellegrino, Robert Foster, Dan Hedaya, Katharine Towne, Lee Grant, James Karen e Vincent Castellanos.
(Aviso: Este artigo se divide em duas partes: na primeira, abordarei os aspectos técnicos e narrativos de Cidade dos Sonhos; e na segunda – que deve ser lida preferencialmente apenas por quem já assistiu ao filme -, falarei um pouco sobre os mistérios apresentados pela história.)
Por que as pessoas preferem condenar o que não entendem? Na época em que Magnólia foi lançado, há cerca de três anos, lembro-me perfeitamente das intermináveis discussões sobre a famosa `chuva de sapos` que ocorria no terceiro ato da trama: enquanto algumas pessoas tentavam ao menos decifrar o significado daquela aparente insanidade, outras simplesmente rotulavam o filme de Paul Thomas Anderson como `bobagem pretensiosa`, negando a impecável lógica e a riqueza de simbolismos de seu roteiro (para ler a análise que escrevi sobre esta produção, clique aqui). Infelizmente, a mesma falta de compreensão vem cercando Cidade dos Sonhos, provavelmente o melhor trabalho da carreira de David Lynch.
Pelo menos, é o que pude perceber quando assisti a este magnífico filme pela segunda vez (a primeira fôra em uma sessão para críticos, que raramente se manifestam durante a projeção): durante os vinte minutos finais da história, quando as coisas começam a ficar um pouco menos claras, boa parte do público começou a rir e a tecer comentários de desaprovação em voz alta – e quando as luzes finalmente se acenderam, até mesmo vaias puderam ser ouvidas (algo que, pelo que me disseram, vem se repetindo em outras sessões).
A pergunta é: por que isso tem acontecido? Cidade dos Sonhos é um filme complexo, sim, mas não incompreensível. Então por que muitas pessoas não têm conseguido perceber a mágica que Lynch realizou desta vez? A resposta é simples: porque não têm paciência. Nos dias de hoje, a maior parte das produções cinematográficas (especialmente quando produzidas por Hollywood) não exige muito do espectador: as tramas são simples e auto-explicativas, excluindo o público da equação final. Não temos que pensar; o filme pensa por nós. E quando algum projeto foge deste padrão (como Magnólia, Clube da Luta ou Cidade dos Sonhos), normalmente é descartado com um aceno de desprezo (não é à toa que os três títulos citados fracassaram nas bilheterias).
Pois bem: escrevi toda esta (imensa) introdução simplesmente para expressar minha frustração com a falta de reconhecimento ao brilhantismo de Cidade dos Sonhos, uma produção extremamente bem realizada e que traz uma protagonista trágica e comovente. Na realidade, poucas vezes senti tamanha afeição (e pena) por determinado personagem – e confesso que fiquei profundamente chateado ao perceber que sua angústia e seu sofrimento foram recebidos com gargalhadas por parte de vários integrantes da platéia. O filme tem seus momentos engraçados, é verdade, mas nenhum deles acontece no terceiro ato da história.
O roteiro, escrito pelo próprio David Lynch, conta a história de Betty, uma aspirante a atriz que chega a Los Angeles com a determinação de se tornar uma estrela de cinema. Sem ter muitos recursos financeiros, ela hospeda-se na casa de sua tia, que está fora da cidade, e tem uma surpresa ao encontrar uma intrusa no local: Rita, uma mulher misteriosa que, depois de sofrer um grave acidente, perdeu a memória. Juntas, as duas garotas tentam descobrir as verdadeiras circunstâncias em que o acidente ocorreu e a origem do dinheiro que Rita traz em sua bolsa (cujo conteúdo também inclui uma estranha chave azul). A história também aborda os problemas enfrentados por um explosivo cineasta depois que este se recusa a escalar, como protagonista de seu novo filme, uma atriz apadrinhada pela máfia.
É claro que, como estamos falando de um trabalho de David Lynch, tudo acaba se revelando mais complexo do que o esperado, já que o cineasta utiliza vários recursos narrativos para contar sua história: flashbacks (que aparecem sem aviso); sonhos; delírios; e até mesmo cenas exibidas fora da ordem cronológica. Além disso, Lynch brinca com a percepção do espectador sobre o que é real ou apenas uma ilusão (tema recorrente no filme) em diversos momentos da projeção: em certa cena, por exemplo, vemos alguém cantando em um estúdio de rádio - que acaba se revelando um cenário construído à frente de uma bela paisagem (que, por sua vez, também se revela apenas um painel localizado em um estúdio cinematográfico). Desta forma, o público é obrigado a reorganizar mentalmente o que vê a fim de compreender exatamente o que está acontecendo.
No entanto, ao contrário do que muitos podem pensar, Cidade dos Sonhos não é um filme chato de se ver: a maior parte da trama se desenrola de maneira `lógica`, funcionando (curiosamente) como um noir moderno. O `problema`, como eu disse anteriormente, reside nos vinte minutos finais da projeção, quando Lynch parece dizer: `Muito bem... Agora vamos ver o que realmente aconteceu!` (a ironia: até que isso aconteça, o público não se dá conta de que há algo a se explicar, já que tudo parece tão óbvio – e a explicação acaba soando mais confusa do que o mistério em si).
Embalado por uma excelente trilha sonora (composta por Angelo Badalamenti, colaborador habitual de David Lynch), Cidade dos Sonhos ainda conta com uma atuação magistral de Naomi Watts, que não apenas merecia ter sido indicada ao Oscar, como deveria ter levado o prêmio. Infelizmente, não posso falar livremente sobre os méritos de sua atuação, já que isso acabaria revelando o `mistério` do filme, mas o fato é que Watts consegue criar uma personagem que desperta nossa compaixão mesmo depois que descobrimos a cruel natureza de alguns de seus atos (e a cena na qual ela realiza um teste para participar de uma produção é fenomenal – principalmente porque, minutos antes, ela havia ensaiado aquele mesmo texto de maneira apenas convencional).
Meu conselho: assista a Cidade dos Sonhos, mesmo que apenas como um exercício de lógica. No mínimo, você viverá uma experiência bem diferente daquela que Hollywood está acostumada a produzir. E se no final das contas você ficar perdido(a), discuta a história com os amigos, pois isso é sempre um passatempo interessante.
Interpretando os Sonhos de David Lynch
(Aviso: o texto abaixo revelará todos os detalhes mais importantes de Cidade dos Sonhos e deverá ser lido, de preferência, somente por quem já assistiu ao filme.)
Há um motivo muito claro para a falta de `lógica` existente em determinados momentos deste novo trabalho de David Lynch: a maior parte da história vista ao longo da projeção se trata, na verdade, de um sonho. (É espantoso como a distribuidora brasileira pôde traduzir o título desta forma. É o mesmo que traduzir The Sixth Sense como O Garoto e o Fantasma.)
No entanto, a coisa não pára por aí, já que Lynch não se contenta em surpreender o público ao revelar que, até então, testemunháramos apenas os sonhos de Betty: quando a moça acorda, a narrativa assume um caráter episódico, incluindo delírios da protagonista e outras cenas `reais` situadas fora da ordem cronológica (algumas destas cenas acontecem antes mesmo que Betty durma e tenha seu longo sonho). E o que é mais interessante: na realidade, ela não se chama Betty, mas sim Diane – e a mesma troca de nomes (e rostos) se aplica a vários outros personagens (algo que já é simbolizado na primeira tomada do filme, quando vemos várias pessoas dançando ao som do jitterbug e percebemos que há várias `cópias` de cada um dos dançarinos).
Mas estou me adiantando. Antes de mais nada, creio que seria mais prudente analisar o que é real em Cidade dos Sonhos: quem são, de fato, aqueles personagens? E de que maneira eles se relacionam? A maior parte destas informações é fornecida por Lynch em duas cenas: durante a festa na casa de Adam Kesher (o diretor) e ao longo da conversa que Diane tem com o assassino que contrata para matar Camille.
Então vamos lá:
Depois de receber uma herança deixada por sua tia Ruth, Diane viaja para Los Angeles para tentar alavancar sua carreira de atriz. Certo dia, ela faz um teste para participar do filme A História de Sylvia North, mas é rejeitada pelo diretor da produção, Bob Rooker, que acaba escolhendo a bela Camilla Rhodes para o papel-título. Porém, Diane e Camilla acabam se tornando amigas e, eventualmente, amantes - sendo que esta última, agora uma atriz de sucesso, freqüentemente arruma pequenas pontas para a namorada em seus filmes.
Infelizmente, nem tudo corre bem para as duas: durante as filmagens de seu novo projeto, Camilla se envolve com Adam Kesher, o diretor responsável pela empreitada (apesar de ser casado, ele logo se divorcia da esposa, alegando que ela o traíra com o rapaz responsável por limpar a piscina, deixando-a sem direito a nada). Enciumada, Diane passa a brigar com Camilla - até que, certa noite, é convidada para uma festa na mansão de Kesher, sem saber que será obrigada a testemunhar o anúncio do casamento de sua namorada e o cineasta.
Sentindo-se humilhada, Diane decide contratar um assassino profissional para executar Camilla, pagando 50 mil dólares pelo serviço. Depois de receber o dinheiro e pegar uma foto de sua vítima, o sujeito diz que Diane encontrará uma chave azul em seu apartamento quando tudo estiver terminado – e, de fato, logo a garota recebe o aviso de que sua ex-namorada está morta. No entanto, corroída pelo remorso, ela tem longos sonhos envolvendo Camilla e, mesmo quando acordada, não consegue parar de pensar no que fez. Torturada pelas lembranças e pela crueldade de seus atos, Diane finalmente comete suicídio.
Pois bem: toda esta complexa trama é revelada apenas nos vinte minutos finais de Cidade dos Sonhos, e pouco tem a ver com o que vinha acontecendo até então, quando acompanhávamos apenas o sonho de Diane sobre as investigações de Betty (Diane) e Rita (Camilla), que já descrevi na primeira parte deste artigo.
Mas quais são, para início de conversa, os indícios de que a história envolvendo Betty e Rita não passa mesmo de um sonho? A primeira `pista` pode ser encontrada logo no início da projeção, quando vemos a câmera mergulhar em um imenso travesseiro (algo que é auto-explicativo: em câmera subjetiva, estamos vendo Diane/Betty ir se deitar). Observe, também, como todas as fontes de luz vistas nesta primeira parte do filme apresentam um caráter difuso, conferindo um formato peculiar (um `X`) aos faróis e postes que aparecem na tela. Além disso, certos diálogos presentes no roteiro são uma clara alusão ao caráter imaginário daquele universo, sendo que os exemplos mais óbvios são:
Portanto, a partir do momento em que percebemos que estamos assistindo ao sonho de Diane/Betty, alguns elementos se tornam mais compreensíveis, como o fato de Betty ser `perfeita` demais: ela é inocente, simpática, pura, belíssima, talentosa, independente, corajosa e causa forte impressão em todos que a conhecem (como podemos perceber na cena em que ela faz um teste de interpretação e também no momento em que ela chega a Los Angeles e se despede de um casal de velhinhos que conheceu no avião. Aliás, este casal também desempenha função importante na interpretação dos sonhos da moça, como explicarei mais tarde).
Não é à toa que, em seus sonhos, Diane se imagina como a perfeita `heroína` de Hollywood: influenciada por uma cultura puramente cinematográfica (não se esqueçam de que ela realmente é aspirante a atriz, embora fracassada), a moça estrutura seu sonho de forma parecida ao roteiro de um filme noir, colocando-se no papel da `mocinha` e utilizando vários elementos clássicos do gênero: a misteriosa mulher em apuros (Rita); a corrupção que domina a cidade; a visão cínica do mundo; os policiais com longas capas de chuva; e assim por diante. Betty é, na verdade, tudo aquilo que Diane gostaria de ser - e em seus sonhos, a pobre garota credita seu fracasso (no mundo real) a alguma misteriosa conspiração arquitetada por figuras sinistras.
Mas não pára por aí: abandonada por Camilla, Diane transforma a ex-namorada em Rita, uma mulher vulnerável, frágil e sem memória, e que depende de seus cuidados para sobreviver (mesmo assim, em certo momento Betty declara seu amor a Rita, que não responde, provando que até mesmo em seus sonhos ela se vê descartada pela outra). Como se não bastasse, Diane aproveita o `poder` de comandar seu próprio universo e `vinga-se` de Adam, humilhando-o de todas as maneiras possíveis em seu sonho: ele realmente é traído pela esposa (e ainda apanha do tal limpador de piscinas); é demitido; perde todo o dinheiro; é ridicularizado por todos e ainda se vê obrigado a aceitar as exigências da `máfia`.
(Aliás, acredito que Adam Kesher também atua como um desabafo/protesto de David Lynch contra os grandes estúdios, que freqüentemente massacram os impulsos artísticos dos cineastas enquanto procuram alcançar maiores lucros. Não pode ser coincidência o fato de que até mesmo o visual de Kesher nos faça lembrar de Lynch).
Porém, o mais fascinante de Cidade dos Sonhos é perceber como Diane insere os elementos de sua vida real na `narrativa` que cria em seu longo sonho/pesadelo: observe, por exemplo, que Rita carrega, em sua bolsa, uma fortuna em dinheiro e uma chave azul – justamente os símbolos de sua morte (o dinheiro pago ao assassino e a chave – menos estilizada, claro – que este utiliza para avisar que o serviço foi feito). Além disso, o início do sonho de Diane mostra a tentativa feita para se matar Rita, que escapa graças a um acidente (ou melhor: é a forma que Diane – deus ex machina - encontrou para salvá-la). E mais: os dois detetives que investigam a morte de Camilla (e que são mencionados brevemente pela vizinha de Diane) aparecem no sonho como os policiais que inspecionam o local do acidente, ou seja: continuam a investigar, de uma forma ou de outra, o que aconteceu a Camilla/Rita.
Outros personagens que cruzam a fronteira entre o real e o imaginário são:
Esclarecidas as origens dos principais personagens, resta-nos desvendar a explicação para outros símbolos criados por David Lynch, sendo que o mais importante seria, obviamente, a misteriosa caixa azul.
Agora procure se lembrar do que acontece quando Rita abre a tal caixa: a câmera mergulha no objeto, como se fosse sugada por ele. Como estamos vendo tudo pelo ponto de vista da moça, podemos presumir que ela é sugada pela caixa, desaparecendo em seguida. E o que foi utilizado para destrancar a caixa? A chave azul! Portanto, não seria ilógico concluir que a caixa azul é uma representação da morte de Rita. (E explicaria, também, porque tia Ruth aparece logo depois que a caixa é aberta, já que ela também está morta.)
Porém, esta não é a única explicação possível: o movimento da câmera em direção ao interior da caixa também é um reflexo do que aconteceu no início do filme, quando a câmera se aproximou do travesseiro. Assim, podemos supor que a caixa azul simboliza o retorno de Diane à consciência (o que explicaria, em parte, o estranho delírio envolvendo o casal de velhinhos saindo da caixa: são os valores morais da garota vindo à tona).
Já o Clube Silêncio é um pouco mais complexo de se analisar: à primeira vista, ele funciona como mais uma pista de que tudo ali não passa de ilusão (`Não há banda; é tudo gravado`, diz o apresentador). No entanto, Lynch é conhecido por jamais fornecer respostas simples para seus problemas e, assim, é bastante plausível que o lugar tenha um significado oculto. Mas qual?
Em primeiro lugar, é sintomático observar que este é o instante em que vemos Rebekah Del Rio cantar a belíssima Llorando, cuja letra gira em torno do sofrimento de uma pessoa que perdeu seu grande amor (algo que, no sonho de Diane, serve como um momento de maior comunhão entre Betty/Diane e Rita/Camilla, que se abraçam e choram, comovidas). E mais: observe que o vestido que a cantora usa tem uma estampa parecidíssima com a roupa que tia Ruth deixa de presente para Betty. Então... seria Rebekah mais uma representação onírica da própria Diane? (Lembre-se de que a cantora `morre` no final da canção.)
Mas não paramos por aí: é válido observar que o apresentador do Clube Silêncio tem um aspecto assustadoramente diabólico, com seu cavanhaque e sobrancelhas arqueadas – e seu monólogo faz Betty tremer incontrolavelmente. Por que? Creio que, pelo menos desta vez, a resposta é simples: o apresentador é, de fato, uma representação do castigo que será imposto a Diane por seus atos cruéis. Quer mais uma evidência disso? Quando ele encerra seu discurso, o palco é tomado por uma intensa fumaça, e o sujeito desaparece. Pois esta fumaça é idêntica àquela que toma conta do quarto de Diane depois que esta se mata, indicando que a garota pode realmente ter ido para `o inferno` que tanto temia.
Para encerrar, faço uma última consideração: para tornar tudo ainda mais complexo, David Lynch prega duas peças adicionais no espectador.
A primeira: ele inclui sonhos dentro dos sonhos de Diane. Repare, por exemplo, que alguns dos momentos mais ilógicos da primeira parte do filme acontecem quando Rita está adormecida (são eles: o incidente envolvendo o misterioso sujeito na cadeira de rodas; e o encontro entre o mendigo e o rapaz da lanchonete). Assim, é possível que estes `picos de insanidade` sejam, de fato, os pequenos sonhos de Rita ao longo do sonho maior de Diane.
A segunda: tenho a forte convicção de que, na segunda metade do filme, nem tudo o que testemunhamos aconteceu realmente da forma vista na tela. As risadas de Adam e Camilla durante o anúncio do noivado soam falsas demais – e o mesmo se aplica ao beijo que Camilla dá em uma outra garota durante a festa. Assim, creio ser possível que estejamos vendo não os fatos em si, mas as lembranças que Diane tem destes fatos. É por isso que, em sua mente, ela visualiza as risadas e o intenso beijo: ela se sente humilhada pelo que testemunhou e, assim, aumenta tudo em sua mente ao rememorar o que aconteceu.
Como podem ver, Cidade dos Sonhos realmente despertou minha imaginação. Não é à toa que, até agora, já gastei quase 4 mil palavras para falar sobre o filme (algo que normalmente faço em menos de 900 palavras). E o mais irônico é que, ao contrário do que você pode estar pensando, não tenho a menor ilusão de ter decifrado o enigma proposto por David Lynch. Quando assisti a Cidade dos Sonhos pela primeira vez, saí do cinema com a certeza de que desvendara o mistério e, assim, resolvi conferi-lo mais uma vez apenas para `preencher as lacunas`. Resultado: realmente encontrei respostas para muitas de minhas perguntas, mas, em contrapartida, acabei me deparando com outra dezena de indagações:
Quem é, exatamente, a vizinha de Diane? A princípio, pensei que ela pudesse ser a própria Camilla (cuja aparência teria sido `melhorada` no sonho), mas depois percebi meu erro: quando a vizinha aparece, Camilla já está morta (a chave azul está sobre a mesa) e, além disso, ela cita os dois detetives que investigam o assassinato. É possível que a tal vizinha tenha se envolvido com Diane depois que esta terminou com Camilla? (Neste caso, como o cinzeiro em forma de piano poderia estar presente na cena em que Diane e Camilla transam no sofá?) Ou será que ela é apenas alguém que trocou de apartamento com a garota (talvez Diane não tenha conseguido permanecer em seu velho apartamento, em função das lembranças provocadas pela morte de sua ex-namorada). Mas (e as perguntas não param) por que, durante o sonho, Rita/Camilla e a vizinha se olham de forma tão embaraçada (Rita chega a desviar o olhar)?
E mais: durante a segunda vez em que assisti ao filme, percebi que as cores azul e vermelha são empregadas de forma intensa ao longo da história (observe, por exemplo, as cadeiras ao lado da piscina de Adam Kesher e também as roupas de Betty e Rita – além, é claro, da caixa azul, do livro ao lado da pia de Betty e dos cabelos da mulher sentada no balcão do Clube Silêncio).
E por falar nesta mulher... quem é ela, exatamente?
As perguntas são muitas, e complexas. No entanto, ao contrário do que afirmam algumas pessoas, tenho a mais absoluta convicção de que as respostas também estão no filme. (E se você leu este texto até aqui, imagino que compartilhe desta opinião.)
Portanto, é só procurar.
13 de Maio de 2002
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