Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
17/07/2001 | 02/04/1999 | 1 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
90 minuto(s) |
Dirigido por Sam Weisman. Com: Steve Martin, Goldie Hawn, John Cleese, John Mostel, Mark McKinney, Tom Riis Farrell.
Perdidos em Nova York é um filme que tenta desesperadamente ser engraçado - e que tinha tudo para ser. Afinal, trata-se de uma refilmagem do leve Forasteiros em Nova York (com Jack Lemmon e Sandy Dennis), é protagonizado por dois competentes comediantes (Steve Martin e Goldie Hawn) e conta, em seu elenco, com coadjuvantes de luxo especializados no gênero (John Cleese, ex-Monty Python, e Mark McKinney, do grupo canadense Kids in the Hall).
A história: sem revelar para sua esposa que foi demitido da empresa em que trabalhava, Henry Clark se prepara para uma entrevista de emprego em Nova York. No entanto, depois que esta decide acompanhá-lo, os dois se metem em mil confusões, perdendo as bagagens, todo seu dinheiro e, o que é pior, acabam parando na cidade errada. Agora, o casal Clark terá que enfrentar as ameaças existentes em todos os cantos da cidade grande.
Alguém disse Antes Só do Que Mal Acompanhado? Ou Forças do Destino (cujo roteiro foi escrito pelo mesmo Marc Lawrence que transportou Forasteiros em Nova York para os dias de hoje)? Infelizmente, este filme deixa muito a desejar com relação a estes dois outros títulos (principalmente a Antes Só..., que é excepcional - e também protagonizado por Steve Martin).
O problema é que depois de um começo simpático no qual vemos Martin e Hawn despedindo-se do filho, que está prestes a partir para Londres, a direção perde a mão e investe em um humor óbvio e ineficaz. A coisa começa a se complicar na cena em que a personagem de Goldie Hawn entra em um avião e, desajeitada, tropeça em tudo e em todos, derrubando qualquer coisa que estiver na sua frente. É sempre um mau sinal quando um diretor não confia em seu roteiro e transforma um de seus personagens em uma nova versão do Inspetor Closeau - algo que simplesmente não funciona em uma comédia de situações, como este filme se propõe a ser.
No entanto, não há nada mais triste do que ver diretor e roteirista negligenciarem todas as situações potencialmente engraçadas existentes na história que estão narrando. Em Perdidos em Nova York isso acontece a todo momento: as piadas são conduzidas de maneira tão óbvia que o espectador percebe o que está por vir bem antes do momento adequado. Um bom exemplo reside na cena em que o casal Clark decide transar no parque: a platéia percebe que os dois serão surpreendidos antes mesmo que eles tirem a roupa.
Outra evidência do desespero do diretor Sam Weisman para conseguir arrancar o riso do espectador é a falta de coerência de Nancy Clark, personagem de Goldie Hawn: apesar de começar o filme como uma dona-de-casa organizada, a mulher sofre mudanças em sua personalidade durante todo o restante da história, tornando-se alternadamente atrapalhada, estúpida, doce, ingênua, ríspida, sensata e por aí afora - assumindo qualquer temperamento que seja necessário para que o roteiro desenvolva (mal) uma piada.
Chega a ser curioso: será que Weisman não teve sequer a curiosidade de assistir ao filme original? Pois não há outra explicação para o fato dele ter ignorado os principais motivos que fazem de Forasteiros em Nova York aquilo que sua refilmagem não consegue ser: divertido. A personagem de Sandy Dennis, por exemplo, conseguia ser engraçada justamente por contrapor sua ingênua sensatez (mantida ao longo de toda a história) ao temperamento explosivo do marido, interpretado por Jack Lemmon. Aliás, as duas melhores gags do filme de 1970 foram deixadas de fora da nova versão: a mania que o Sr. Clark (ou melhor, Kellerman) tinha de anotar os nomes de todos que o `desrespeitavam` e os momentos em que, depois de quebrar um dente, ele não conseguia dizer nenhuma palavra que tivesse a letra `s` sem assobiar - o que era hilariante e, ao mesmo tempo, enervante.
A responsabilidade pelo fracasso de Perdidos em Nova York, no entanto, não deve ser creditada a Steve Martin e a Goldie Hawn: afinal, os dois já provaram possuir uma inegável química ao atuarem juntos no ótimo Como Agarrar um Marido, de 92. O que faltou, desta vez, foi um diretor que, ao contrário de seus personagens, não estivesse completamente perdido.
25 de Outubro de 1999