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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
09/04/1998 26/11/1997 4 / 5 2 / 5
Distribuidora
Duração do filme
109 minuto(s)

Alien: A Ressurreição
Alien: Resurrection

Dirigido por Jean-Pierre Jeunet. Com Sigourney Weaver, Winona Ryder, Ron Perlman, Dominique Pinon, Michael Wincott, Dan Hedaya, Brad Dourif.

Qualquer diretor que seja escalado para dirigir um filme da série Alien tem, automaticamente, uma responsabilidade imensa em suas costas. Afinal, os três primeiros filmes foram, todos, inovadores em certo sentido. Enquanto o primeiro nos apresentou a primeira mulher `heroína` de verdade, além de vários sustos e o `alien` em si, o segundo manteve um clima de tensão constante, com um ritmo frenético de ação. Já o terceiro foi mais angustiante e emocionalmente complexo - apesar de ser muito (e justamente) criticado por seu fraco roteiro.


Pois Jean-Pierre Jeunet não fez feio. Apesar de seu Alien: a Ressurreição apresentar alguns problemas de roteiro que poderiam comprometer o filme, as soluções visuais encontradas pelo diretor e as boas atuações dos atores principais acabam compensando. O próprio roteirista Joss Whedon admite, por exemplo, que a `clonagem` de Ripley foi uma solução forçada, mas necessária. Afinal, de que outra maneira eles poderiam trazer Sigourney Weaver de volta à série? Apesar disso, Whedon encontrou uma maneira interessante de `amarrar` esta sua solução ao contexto da série.

Na verdade, Alien: a Ressurreição é uma mistura dos três primeiros filmes. Do primeiro, o clássico de Ridley Scott, ele herda a inocência e o idealismo de Ripley. Só que, agora, a ingênua e idealista é a personagem de Winona Ryder. Do segundo filme, de James Cameron, vem a ação constante, desenfreada (apesar da lentidão dos primeiros 20 minutos deste quarto filme). E, finalmente, do terceiro (dirigido por David Fincher), temos a complexidade emocional e a amargura de Ripley. Juntos, estes elementos criam uma história tensa e bem estruturada.

Uma das melhores cenas de Alien 4 é aquela em que Ripley (ou `Número 8`) encontra os outros 7 clones feitos a partir de seu sangue - na verdade, aberrações genéticas, experiências com péssimos resultados. Seu espanto e sofrimento são retratados com perfeição, incluindo esta cena entre as várias seqüências memoráveis da série Alien.

Na verdade, Sigourney Weaver tem, aqui, uma oportunidade de mostrar seu imenso talento - e só esse fator já seria um motivo para assistir a este quarto filme. Winona Ryder também tem bons momentos, mas é Ron Perlman que se esbalda. Este ator, cujo rosto é um dos mais fortes que já vi, tem alguns dos melhores diálogos do filme, servindo, entre outras coisas, como contra-ponto para a tensão da história. Já Dan Hedaya tem, aqui, uma de suas piores atuações. Chega a ser constrangedor ver as expressões de seu rosto em alguns momentos. Para finalizar, Brad Dourif faz aquilo que se habituou a fazer desde Um Estranho no Ninho: um sujeito esquisito, quase fanático.

Apesar de não ser tão envolvente quanto os dois primeiros filmes, Alien: a Ressurreição reserva muitos sustos. O problema é que grande parte desses `sustos` se deve a recursos nada originais: trilha sonora aumentada subitamente; aparições súbitas de algum personagem no enquadramento da câmera, etc. Normalmente, a série não precisava disso. Mas, sejamos justos, isso se devia ao fato de que os `aliens` eram criaturas mal-compreendidas, misteriosas. Depois de três filmes, não há muito o que revelar, mais. Neste último filme, portanto, os monstros são vistos com uma clareza inédita: graças aos avanços da tecnologia no campo dos efeitos visuais, há seqüências em que as criaturas são mostradas de corpo inteiro (e até mesmo nadando). Para compensar a falta de surpresas, o roteiro cria um novo tipo de `Alien`: o `Newborn` - uma híbrido entre a espécie alienígena e os humanos. Uma boa sacada da história, em minha opinião.

Em suma: se não acrescenta nada à série, este filme também não embaraça. Na realidade, se considerarmos a qualidade dos três exemplares anteriores, Alien 4 cumpre muito bem o seu papel. Agora só nos resta esperar o desenrolar da história - ou alguém duvida de que ainda veremos Ripley - ou melhor: Número 8 - mais uma vez?
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24 de Abril de 1998

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

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