Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
21/06/2013 | 01/01/1970 | 3 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Imovision |
Dirigido por Alejandro Brugués. Com: Alexis Díaz de Villegas, Jorge Molina, Andrea Duro, Andros Perugorría, Jazz Vilá, Eliecer Ramírez.
Divulgado como sendo “o primeiro filme de zumbis produzido em Cuba”, Juan de los Muertos é um Todo Mundo Quase Morto ambientado na terra de Fidel (uma ambição explicitada em seu título, que remete a Shaun of the Dead) e que, escrito e dirigido pelo jovem Alejandro Brugués, surpreende não só por ser realmente divertido, mas também por contar com virtudes estilísticas e estéticas que talvez não esperássemos em uma produção com tão baixo orçamento e que tem, como objetivo, a mais pura irreverência.
Demonstrando sua abordagem quase nonsense já em sua primeira cena, quando o personagem-título (de Villegas) e seu melhor amigo (Molina) matam um zumbi no meio do mar e logo agem como se nada de estranho houvesse acontecido, o filme é repleto de pequenas e divertidas referências religiosas que vão desde o nome do trapaceiro vivido por Molina (Lázaro) até chegar ao instante em que um zumbi tem o cérebro destruído a golpes de crucifixo. Além disso, seguindo a velha tradição de usar os mortos-vivos como metáfora para questões políticas, Brugués logo traz o governo cubano distorcendo as informações através de boletins que apontam as criaturas como “dissidentes comandadas pelos Estados Unidos” – e, mais tarde, quando vemos os cidadãos fugindo em pequenos botes improvisados, há a clara sugestão de que, ao contrário dos “zumbis” que se submetem ao regime, a fuga da ilha é a única saída para quem deseja sobreviver.
Não é uma alegoria política das mais sutis e, assim, é curioso que, dirigido por um argentino e se declarando de forma tão clara contra o governo de Castro, o filme traga Cuba como um de seus países co-produtores ao lado da Espanha – uma contradição no mínimo intrigante e reveladora.
Mas política à parte, o fato é que Brugués se revela um diretor com um senso de humor afiado e com um admirável apuro visual – e mesmo que os efeitos visuais deixem a desejar, ver uma multidão de zumbis caminhando no fundo do mar ou sendo decapitada por um cabo de aço rodopiante é algo que revela o talento do diretor e sugere o que ele poderia fazer com um orçamento mais generoso.
Divertido na maior parte do tempo e absolutamente hilário em momentos pontuais (como a “dança” envolvendo algemas e a fala “Ele faleceu. Tivemos que deixá-lo. Não necessariamente nesta ordem.”), Juan de los Muertos peca apenas por se prolongar mais do que deveria, eventualmente perdendo um pouco de ritmo e tornando-se irregular.
Mas nada que me impeça de permanecer bastante curioso com relação ao que o futuro reserva a Alejandro Brugués.
Observação: Crítica publicada como parte da cobertura do Festival do Rio 2011 – daí sua brevidade.
10 de Outubro de 2011