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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
19/08/2011 01/01/1970 3 / 5 2 / 5
Distribuidora

Lanterna Verde
Green Lantern

Dirigido por MartinCampbell. Com: Ryan Reynolds, Blake Lively, Peter Sarsgaard, Mark Strong, TimRobbins, Jay O. Sanders, Angela Bassett, Temuera Morrison e as vozes deGeoffrey Rush, Michael Clarke Duncan e Clancy Brown.

Hollywoodvem produzindo tantos filmes protagonizados por super-heróis que seuspersonagens e figurantes já nem se espantam mais quando um ser humano surgevoando nos céus da cidade. Isto pode ser comprovado de maneira inegável em Lanterna Verde quando, ao aparecerusando um collant verde e produzindoobjetos a partir de sua “força de vontade”, o protagonista Hal Jordan malconsegue inspirar um sacudir de ombros de um “Por que não?” por parte dapopulação local.

Adaptado a partir dos quadrinhos daDC Comics, rival da Marvel, o roteiro escrito a oito mãos (péssimo sinal) giraem torno do já citado Jordan (Reynolds), um piloto da força aérea que,irresponsável, mulherengo e imaturo, acaba sendo escolhido pelo anel de forçado alienígena Abin Sur (Morrison; leia-se: Jango Fett) para ser o novointegrante da tropa de elite intergaláctica liderada por Sinestro (Strong).Confrontados pelo terrível Parallax (Brown), cuja força vem do “Medo”, osLanternas tentam encontrar uma maneira de derrotá-lo enquanto Jordan buscavencer seus próprios traumas e dúvidas sobre sua capacidade de ser um autênticoherói.

Quanto a esta última parte dadescrição, ao menos é o que os roteiristas tentaramfazer, já que, na prática, os autoquestionamentos feitos por Jordan são tãofalsos quanto os efeitos visuais usados para ilustrar o planeta Oa e os sábioslíderes do lugar (que, aparentemente, vivem empoleirados em torres, o que deveser bem desconfortável). Assim, em vez de nos identificarmos com asinseguranças do protagonista, somos obrigados a vê-lo quase morrendo numacidente de avião em função de um... flashback.Aliás, a falta de cuidado do roteiro ao construir a história pessoal dopersonagem é tão grande que, em certo momento, vemos o rapaz numa difícilreunião de família apenas para que seus parentes jamais voltem a sermencionados no filme – e prefiro nem comentar a nulidade da cientista vividapor Angela Bassett, que é (quase literalmente) arremessada para fora do filmesem maiores preocupações. Porém, considerando que Tim Robbins aqui vive o paide Peter Sarsgaard, apenas 13 anos mais jovem (e sem o auxílio de maquiagem),podemos perceber que verossimilhança não foi uma prioridade do projeto.

Porém, se é difícil aceitar Robbinscomo pai de Sarsgaard, isto empalidece diante da impossibilidade deacreditarmos na relação entre Jordan e Carol Ferris, vivida com absolutainexpressividade por Blake Lively. De um lado, o rapaz sofre uma condiçãochamada de “medo de relacionamentos sérios”; do outro, a garota padece de ummal batizado de “personagem mal escrita”, já que seu comportamento oscila deforma esquizofrênica ao longo da projeção: aqui, é hostil a Jordan; ali, dócil;acolá, se distancia; mais tarde, o apoia incondicionalmente – e o únicoelemento que se mantém constante em sua performance é a falta de carisma. Paraencerrar, eu já mencionei que neste filme Ryan Reynolds vive um personagem quequase morre de um caso agudo de flashback?

Dito isso, é preciso apontar que, àsua própria maneira, Jordan funciona como herói. Reynolds pode não ser o maistalentoso dos atores, mas é certamente carismático – e o cineasta MartinCampbell é hábil ao retratar a impulsividade e o sangue frio do sujeito ao mostrá-losaltando para salvar uma criatura desconhecida mesmo ainda em choque por acabarde ter sido transportado por uma misteriosa bolha verde de energia. Aindaassim, o grande destaque de LanternaVerde fica mesmo por conta do Hector Hammond vivido por Peter Sarsgaard,que, claramente se divertindo com a maquiagem e com a composição do sujeito,encontra maneiras divertidas e inesperadas de dizer até mesmo a mais clichê dasfalas – como, por exemplo, ao sugerir às suas vítimas que “corram” com um ar desatisfação que expõe seu desejo juvenil de persegui-las. Desta maneira, élamentável que o personagem seja tão pouco (e mal) utilizado pelo roteiro.

Tecnicamente irregular, já queoscila entre efeitos visuais cartunescos (os alienígenas) e outros maiseficientes (os elementos criados pelo anel de Jordan), Lanterna Verde ainda pode ser visto em uma versão 3D (convertida!)irregular: nas sequências envolvendo planos gerais (como a própria galáxia), éeficiente; em outros, apenas distrai e envolve a fotografia num véu cinzadesagradável. E se o roteiro erra na maior parte do tempo (como o Lanterna,Jordan passa ter conhecimentos sobre todo o universo, mas ainda faz perguntasóbvias ao seu instrutor), aqui e ali se sai relativamente melhor – como aoenfocar as criações do herói e do vilão paralelamente ou ao brincar com oclichê absurdo da máscara que protege a identidade de Hal.

Diretor que costuma se sair muitobem em filmes de ação (A Máscara do Zorro, CassinoRoyale), Campbell ainda acerta aqui em momentos de mais sutileza,como ao trazer Hector solitário em meio à multidão, ressaltando o isolamento dopersonagem, ou ao enfocar rapidamente Jordan brincando com uma pista queeventualmente retornará de forma curiosa.

Assim, Lanterna Verde acaba se revelando um passatempo relativamentedivertido e agradável. Mas que custa a se recuperar da ideia terrível desugerir “flashback” como causa mortis aceitável.

Observação: há uma cena adicional durante os créditos finais.

19de Agosto de 2011

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Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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