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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
08/10/2004 10/09/2004 2 / 5 3 / 5
Distribuidora
Duração do filme
94 minuto(s)

Resident Evil: Apocalipse
Resident Evil: Apocalypse

Dirigido por Alexander Witt. Com: Milla Jovovich, Sienna Guillory, Oded Fehr, Thomas Kretschmann, Jared Harris, Sophie Vavasseur, Razaaq Adoti, Mike Epps, Matthew G. Taylor, Sandrine Holt.

Nunca joguei Resident Evil ou suas continuações, mas sou capaz de apostar que o figurino utilizado pela personagem Jill Valentine nesta adaptação cinematográfica é bastante fiel ao que os fãs se acostumaram a ver nos games. Como sei? Simples: quem mais seria capaz de vestir uma blusa colante sem alças e um shortinho apertado para sair às ruas caçando zumbis, a não ser uma musa virtual? Aliás, mesmo que eu ignorasse a origem deste projeto, seria perfeitamente capaz de deduzi-la já nos primeiros quinze minutos de projeção; afinal, o filme parece um jogo no estilo `atire-e-mate` – a diferença é que, aqui, o controle está sendo manuseado pelo diretor estreante Alexander Witt, que nos deixa apenas assistir à brincadeira.


Depois de uma breve introdução que recapitula os principais acontecimentos do original, Resident Evil 2 – Apocalipse explica que os zumbis agora invadiram Raccoon City, que tem que ser evacuada pelas autoridades – leia-se: a inescrupulosa corporação Umbrella, que faz de tudo para ocultar sua responsabilidade com relação ao surgimento dos mortos-vivos. Quando a filha de um dos principais cientistas da empresa fica presa na cidade, ele entra em contato com um pequeno grupo de pessoas que também estão sitiadas e promete resgatá-las caso encontrem a menina. O problema é que, além dos zumbis canibais, os heróis devem enfrentar criaturas mutantes, cães `mortos` e, é claro, o misterioso Nêmesis, cujo surgimento já havia sido antecipado no final do primeiro filme. Em outras palavras, Resident Evil 2 faz uma salada de frutas misturando elementos de Aliens, o Resgate, Robocop e Extermínio (os monstros estão bem mais rápidos desta vez), entre outros.

Infelizmente, em seu propósito de conseguir uma censura leve que o permitisse alcançar um público maior, o longa comete o mesmo erro que tantas outras produções atuais do gênero `terror`: será que os produtores não percebem que filmes como este, que substituem o suspense pelo choque, devem ao menos conter uma quantidade razoável de sangue? (Tenho um amigo, Gustavo `Iscuberdard` Piasera, que é absolutamente fanático por projetos de Horror – e não é à toa que comanda um fotolog chamado Gore Total. Porém, gore é algo que Resident Evil 2 não oferece.) Para indicar a morte de algum personagem, o diretor opta por saídas pouco eficazes, como close na boca de um zumbi, zoom no rosto de outra vítima, gritos à distância, e assim por diante. Aliás, nem mesmo a maquiagem dos corpos decompostos conseguimos enxergar com clareza, em função da montagem frenética e dos movimentos de câmera rápidos e planos fora de foco. Assim, o máximo que os fãs conseguirão sentir neste aspecto é frustração.

Da mesma forma, as seqüências de luta são montadas de forma confusa pelo medíocre montador Eddie Hamilton (cujo crédito mais importante é o desastroso Destino Insólito, com Madonna) e, assim, jamais conseguem empolgar. E, além de conferir importância exagerada ao vilão Major Cain (Kretschmann), o fraco roteiro de Paul W.S. Anderson (que abandonou o projeto para dirigir Alien Vs. Predador) chega ao ponto de ignorar os zumbis durante boa parte do segundo ato, voltando a utilizá-los apenas quando isto serve aos propósitos imediatos da história – um erro básico.

Por outro lado, Milla Jovovich, além de linda, acerta na composição da durona Alice. Aliás, ela é infinitamente mais convincente em suas cenas de luta do que Angelina Jolie conseguiu ser na série Lara Croft (e nem vou mencionar as ridículas Panteras de Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore). Já Sienna Guillory, apesar de igualmente bela, jamais se torna uma personagem interessante, já que seu comportamento oscila de cena para cena: aqui, ela é valente e determinada; mais adiante, surge com medo; e, em seguida, volta à postura intrépida. Além disso, seu hábito de pontuar suas frases de efeito com o som da arma sendo engatilhada acaba irritando depois de um tempo (e, afinal, quantas vezes ela pode engatilhar seu trabuco antes de disparar um tiro?).

Apesar de tudo, Resident Evil 2 tem seus bons momentos, a saber: uma explosão nuclear bem realizada e uma tensa seqüência envolvendo crianças-zumbis. Há, ainda, uma crítica à manipulação de informações constantemente feita pela mídia, mas, apesar de relevante, a mensagem se enfraquece em função da obviedade com que é tratada pelo filme. E, como se não bastasse, o final da história é pouco objetivo, gastando muito tempo apenas com o intuito de preparar o espectador para o terceiro capítulo da `saga`.

Ao que parece, a série Resident Evil também se transformou em um morto-vivo. E já está devorando os cérebros de seus espectadores.

8 de Outubro de 2004

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

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