Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
13/04/2007 | 01/01/1970 | 3 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
87 minuto(s) |
Criadas por Peter Laird e Kevin Eastman na primeira metade da década de 80, as Tartarugas Ninja são um fenômeno inquestionável: de revistas em quadrinhos a lancheiras, passando por vários games e algumas séries de tevê (em animação e com atores de carne-e-osso) e até mesmo três longas-metragens divertidinhos produzidos no início da década de 90, os personagens batizados com nomes de artistas da Renascença já renderam centenas de milhões de dólares aos seus criadores e cativaram fãs em todo o mundo com seu eficiente humor juvenil. Agora, 13 anos depois de seu surgimento, as Tartarugas voltam às telonas através de uma técnica perfeita para sua estranha natureza: a animação 3D.
Aparentemente dando continuidade à história dos personagens a partir do final do terceiro filme (já que o Destruidor foi... bom... destruído), este As Tartarugas Ninja – O Retorno não perde tempo em recontar a origem dos heróis, optando por uma introdução rápida que, através de um Narrador que jamais volta a ser ouvido, explica em poucos minutos como Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello são frutos de uma estranha mutação, se dedicam a lutar contra o crime e contam com a orientação do sábio Mestre Splinter. Em seguida, somos apresentados ao vilão em potencial do filme, um cruel general que há 3.000 anos abriu um portal para outra dimensão que lhe deu vida eterna, mas que transformou seus companheiros em estátuas de pedra, além de libertar 13 monstros na Terra. Agora, com o portal prestes a se abrir novamente, um milionário colecionador de arte parece determinado a aproveitar a oportunidade para fazer algo dúbio, requisitando, para isso, a ajuda do exército ninja que antigamente atuara sob o comando do Destruidor.
Como certamente podem ver, a trama desta nova aventura das Tartarugas Ninja não é das mais brilhantes ou ambiciosas – na realidade, chega a ser excessivamente boba e previsível, apelando constantemente para convenções do gênero fantasia que parecem servir apenas para amarrar uma seqüência de ação à outra. Além disso, os tais monstros da outra dimensão jamais são explorados devidamente, surgindo como mera oportunidade para que os produtores possam ganhar mais uns trocados comercializando bonecos inspirados no filme (e a cronologia da narrativa é tão truncada que, depois do confronto com o primeiro monstro, vemos uma montagem que ilustra a captura de outras oito ou nove criaturas ao longo do que parecem ser várias noites – somente para, em seguida, descobrirmos que todas aparentemente foram capturadas em questão de algumas horas, o que é implausível dentro da própria proposta do longa).
Porém, o problema mais grave desta produção diz respeito ao desenvolvimento dos personagens: com exceção de Leonardo e Raphael, que ganham destaque como o “líder angustiado” e o “rebelde questionador”, os demais integrantes da narrativa jamais se estabelecem como indivíduos marcantes ou mesmo minimamente interessantes – e, com exceção das cores de suas máscaras, Michelangelo e Donatello pouco se diferenciam um do outro, alternando-se na função ingrata de alívio cômico (e suas piadas são bem fracas na maior parte do tempo). Já April (que de repórter virou Lara Croft) e Casey Jones inicialmente surgem como um casal vivendo uma espécie de crise, mas isto logo passa a ser ignorado pelo filme assim que a ação começa a ganhar ritmo, ao passo que o mestre Splinter é convertido em um sub-Miyagi que não parece ter muito controle sobre seus pupilos.
Em contrapartida, As Tartarugas Ninja – o Retorno oferece resultados bem melhores com relação aos seus aspectos técnicos: a animação do quarteto de heróis é fluida e convincente, assim como seu visual (já os personagens humanos parecem ter sido criados com um pouco menos de cuidado, o que é uma pena). Da mesma maneira, o design de produção acerta em cheio na concepção da Nova York sombria e chuvosa do filme, que chega a ganhar um aspecto quase noir em alguns momentos. Aliás, a fotografia noturna (que toma conta da maior parte da projeção) é fantástica, utilizando com elegâncias as luzes e as sombras – e a cena em que dois personagens combatem sob a chuva tira o fôlego não apenas por sua carga dramática, mas por sua beleza plástica.
É lamentável, portanto, que aqui as Tartarugas não exibam suas personalidades marcantes e seu senso de humor debochado, servindo como pálida lembrança da série animada original e deixando a desejar, em charme e irreverência, com relação aos filmes lançados em 90 e 91. Por sorte, sua animação sofisticada acaba compensando parcialmente estes defeitos, resultando num longa falho, mas que tem seus atrativos.
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