Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
10/10/1997 | 08/08/1997 | 3 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
135 minuto(s) |
Dirigido por Richard Donner. Com: Mel Gibson, Julia Roberts, Patrick Stewart. Cylk Cozart, Stephen Kahan, Alex McArthur, Rod McLachlan e Michael Potts.
Poucos atores conseguem imprimir um ritmo tão frenético às cenas de ação como Mel Gibson. Ele grita, sua, corre, cai, luta, sangra, fere, abre portas com uma energia tão feroz que, às vezes, a música incidental nem é necessária para conferir tensão à cena. O homem é uma bateria ambulante.
Em Teoria da Conspiração ele é Jerry Fletcher, um motorista de táxi que vê conspirações por todos os lados. Ele é o protótipo do americano paranóico (claro que mais estereotipado): aquele que acredita que a NASA mantém contato com aliens há anos; que Lee Oswald não agiu sozinho; que o governo vigia a vida de cada um dos cidadãos; e mais uma infinidade de outras conspirações que ele mesmo se encarrega de descobrir e divulgar através de um `boletim` periódico que produz. (`Eu não sou paranóico!`, ele diz, em certo momento, `O problema é que todo o mundo quer me matar!`).
Além disso, Jerry é obcecado por Alice (Roberts), uma advogada que trabalha no Departamento de Justiça e que pretende descobrir quem assassinou seu pai, um juiz. Jerry vive procurando a garota para tentar colocá-la a par das conspirações que `descobre` e, em função disso, ela o considera louco - não sem razão, diga-se de passagem: o homem é realmente perturbado. Sua geladeira é trancada com um cadeado, bem como as jarras de suco e café. Seu apartamento é, na verdade, um quartel-general de onde ele pode vigiar seus `inimigos` e escapar, quando se fizer necessário.
Mas chega o dia em que finalmente algo parece indicar que Jerry estava certo pelo menos quanto a uma das conspirações que investigava. Um bando de homens o agarra e o atira em um carro preto (todo vilão que se preze tem que ter um carro preto), levando-o até um local afastado onde ele é torturado. Primeiro, prendem suas pálpebras com esparadrapo (assim como os homens do `Sistema` fazem com Alex em Laranja Mecânica) e, em seguida, jogam uma forte luz estroboscópica em seus olhos. Eles querem descobrir quem mais sabe o que Jerry `sabe`. O problema é que Jerry não faz a menor idéia de qual de suas teorias estava certa.
Até aí o filme é excelente: o espectador mergulha no caos juntamente com o personagem de Mel Gibson. Quem são `eles`, afinal? O que querem? O que Jerry sabe? A seqüência em que Gibson escapa de seus raptores é forte, intensa. Como eu disse no começo, o ritmo é frenético.
Mas este é o ponto alto do filme. E o grande problema é esse: o clímax do filme é atingido logo na primeira meia hora de projeção. A partir daí temos as velhas cenas obrigatórias: fugas, perseguições, o mocinho inventando novos jeitos de escapar de seus raptores... Não falta nem a clássica cena na qual o herói se esconde no banco de trás do carro da mocinha sem que ela veja - e, é claro, acaba assustando a pobre-coitada quando sai de seu esconderijo.
Mel Gibson desempenha bem o papel de Jerry. É claro que Gibson interpretando um indivíduo com sérios problemas de comportamento não é novidade: seus personagens (excetuando-se, talvez, o professor de O Homem Sem Face) são sempre indivíduos agitados, que não param de falar e gesticular. Há, também, a inevitável cena na qual ele chora (parece que os produtores de Hollywood gostam de ver Gibson chorando), e aqui elas acontecem a todo o momento. Julia Roberts também cumpre seu papel, saindo-se muito bem em uma cena especialmente forte no final do filme.
Parece que se tornou uma especialidade de Hollywood transformar idéias boas, criativas, em filmes de perseguição constante (como no recente A Outra Face) - o que acaba comprometendo a trama, em maior ou menor escala. Em Teoria da Conspiração felizmente, isso acontece em menor escala. Mas não deixa de ser um desperdício.
16 de Novembro de 1997