O ator/diretor Maxilimian Schell dá uma aula, com esse documentário, de como transformar os limões atirados em sua direção em uma deliciosa limonada. Limitado pelo contrato firmado com Dietrich no qual esta se reservava o direito de não aparecer diante da câmera e também pela hostilidade e pela impaciência da entrevistada, Schell contorna a situação ao criar uma narrativa entrecortada que transforma a vida da atriz em uma colagem de momentos marcantes que, pontuados por seu mau humor (e inteligência vivaz) durante a entrevista em off, revelam muito mais sobre a fabulosa artista do que uma biografia convencional normalmente conseguiria. 5/5
Não só John Singleton não parece fazer ideia de como se dirige um documentário, criando uma estrutura caótica que ainda o traz como um apresentador/narrador pavoroso, como ainda parece determinado a relativizar os erros – ou melhor: crimes – de sua personagem-título a ponto de quase transformá-la em uma pobre vítima das circunstâncias. Considerando a coesão da série 30 for 30, é chocante que algo tão ruim tenha sido realizado por um cineasta tão experiente. 1/5
McCarthy consegue criar uma personagem que soa real mesmo vivendo as mais absurdas situações, ao passo que Paul Feig realiza a proeza de evitar a pura sátira ao gênero, criando sequências de ação eficientes e empregando a violência (até mesmo gráfica) como contraponto para gerar choque, mas também o riso. 4/5
Tematicamente ambicioso, o filme desenvolve ideias complexas sem depender de um grande orçamento, construindo sua discussão apenas através de sua boa estrutura narrativa, dos diálogos e de um design de produção que emprega as cores de maneira inteligente. 4/5
Filme de estreia pouco conhecido de Jim McBride (que, por sua vez, é também pouco conhecido por quem cresceu depois da década de 80), este longa é um estudo de personagem que funciona também como um seminal exercício de estilo que reflete sobre a própria linguagem cinematográfica. 4/5
A jovem diretora Leigh Janiak demonstra talento ao criar uma atmosfera tensa e sufocante durante a maior parte da projeção, sendo auxiliada pela dupla central de atores que realmente estabelece uma dinâmica crível entre seus personagens – primeiro de paixão intensa e, a seguir, de desconfiança e medo. Infelizmente, o roteiro se mostra mais preocupado em conceber situações de estranhamento do que em resolvê-las, enfraquecendo o resultado. 3/5
A vida de James Randi já seria fascinante por si só, desde seu início como mágico especializado em escapadas até sua longa e importante carreira desmascarando fraudes. Porém, o documentário se torna ainda mais intrigante ao abordar um determinado elemento de sua vida: seu relacionamento de 25 anos com o latino José Alvarez – que, por sua vez, guarda seus próprios mistérios. A partir daí, é curioso notar como os próprios documentaristas acabam se debatendo com a necessidade de adotar a estratégia de Randi de trazer a verdade à tona mesmo que por meios questionáveis, criando uma ironia que enriquece ainda mais a narrativa. 4/5
Amalric é um ator sempre interessante e um diretor razoável, mas a história que conta aqui mal parece ser suficiente para sustentar os parcos 76 minutos de duração. O que a mantém relativamente envolvente é justamente o talento de seu elenco e uma pequena ambiguidade em seu desfecho, que, ainda assim, é anticlimático o bastante para quase arruinar as qualidades do projeto. 3/5
O que Bruce Willis e John Cusack estão fazendo como coadjuvantes de Jason Patric numa produção que tem toda a cara de ter sido realizada para lançamento direto em vídeo é algo inexplicável. Além de contar uma história que já serviu de desculpa para trocentos projetos praticamente idênticos, o filme traz sequências de ação burocráticas, diálogos risíveis e personagens unidimensionais, servindo apenas como curiosidade da transformação de Cusack em Nicolas Cage. Fora isso, porém, não consegue ser nem ruim o bastante para se tornar divertido. 1/5
Henry Selick tem um apuro estético particular e fascinante – algo que, aqui, serve para despistar a fragilidade de uma das histórias mais fracas de Roald Dahl. Aliás, é um prazer reparar como Selick consegue manter uma notável coesão entre as sequências em stop-motion e aquelas em live-action, adotando uma abordagem visual expressionista que é beneficiada também pelas composições divertidamente horrendas de Miriam Margolyes e Joanna Lumley, que mais do que compensam a inexpressividade do ator-mirim que ancora o projeto. 4/5