O filme faz um belo estudo sobre o despertar da sexualidade na adolescência ao mesmo tempo em que discute a definição de gênero com complexidade e delicadeza – algo que só se torna possível graças à performance madura, corajosa e surpreendente de Zoe Heran (e também do restante do ótimo elenco infantil). 4/5
Mais um documentário que busca analisar/export uma questão importante a partir de apenas uma meia dúzia de exemplos, este esforço é digno por humanizar as personagens retratadas e seus dilemas. No entanto, embora inclua informações relevantes (e chocantes) em meio à projeção (como o fato de 40% das buscas por vídeos pornográficos online girarem em torno de abuso feminino), a impressão é a de que a dupla de documentaristas está mais interessada em criar certo drama a partir das histórias que escolheu retratar do que em discutir de fato o tema sobre o qual gira o filme. Além disso, a ideia de “redenção” defendida pelo filme e representada por uma das garotas acaba soando mais preconceituosa do que edificante. 3/5
Wagner Moura, como de hábito, se entrega com intensidade e sensibilidade ao papel – e o filme faz jus à sua performance até cerca de metade da projeção, quando, então, começa a prolongar a narrativa e a torná-la cada vez mais implausível a fim de chegar a uma catarse artificial que desaponta. 3/5
O herói é interessante em sua composição quase sobrenatural e ganha, em Denzel Washington, um intérprete capaz de convencer o espectador não só de sua competência como assassino, mas também de sua sensibilidade. Porém, a trama é absurda demais para ter qualquer peso dramático. 3/5
Edgar Wright é um dos poucos cineastas da atualidade que compreendem o poder da câmera, da montagem e do som para criar comédia. Com isso, não só ele consegue fazer uma sátira excelente do gênero policial, mas também homenageá-lo e – o mais incrível – convencer o espectador da seriedade de seu protagonista mesmo diante de uma trama absolutamente insana e tola. 5/5
A ideia óbvia é a de satirizar as comédias sexuais da década de 80, mas a única coisa que o filme consegue é testar a paciência do espectador com longas cenas que não atingem o efeito cômico desejado, com uma infinidade de personagens desinteressantes (apesar do ótimo elenco) e uma trama que serve como mero fiapo narrativo para permitir que os realizadores pendurem nele piadas frágeis em sua concepção e execução. 2/5
Chega a ser incrível que o responsável por este filme seja o mesmo que conduziu o desastroso “Mais um Verão Americano”. Não que “Encontros e Desencontros do Amor” seja uma obra-prima, pois está longe disso – mas ao menos é uma colagem muito mais orgânica de clichês do gênero que pretende satirizar, além de merecer aplausos pelo nonsense que frequentemente surpreende o público. 3/5
Mary & Max adota a forma de fábula para refletir sobre a realidade da depressão. É uma animação sobre a melancolia de viver preso em si mesmo – mas é também um manifesto esperançoso sobre como é possível encontrar salvação no próximo - por mais partido que este seja. 5/5
Uma adaptação teatral que parece não ter feito qualquer esforço para soar mais cinematográfica, parecendo até mesmo utilizar os cenários minimalistas dos palcos, este atípico docudrama, que recria os momentos finais de vôos vitimados por desastres, consegue gerar tensão simplesmente a partir de sua premissa básica, já que, por mais artificial que seja a mise-en-scène, jamais deixamos de reconhecer que aquelas falas e situações são recriações de tragédias colossais. 2/5
O documentário alcança um efeito curioso: se inicialmente encaramos seus personagens como indivíduos patéticos, aos poucos passamos a nos importar profundamente com seus sentimentos, aspirações e inseguranças – e, no processo, descobrimos bastante sobre a cultura curiosa retratada pelo filme. 3/5