É incompreensível que este filme não seja citado com mais frequência quando se discute a obra de Woody Allen, já que, obra-prima inquestionável, é um de seus melhores trabalhos. Aliás, é uma pena que haja tão poucos filmes adultos (sobre e para) como este: é admirável sua complexidade ao discutir desejo, arrependimentos, a consciência do envelhecimento e da finitude e nossa capacidade de auto-ilusão. Além disso, mesmo para os padrões de Allen este é um elenco único: não só Gena Rowlands evoca de maneira magnífica o autocontrole que tanto prejudica a protagonista, mas cada membro secundário surge perfeito, de Philip Bosco a John Houseman (em seu último papel), passando por Martha Plimpton, Ian Holm e, claro, Mia Farrow. Mas é mesmo Gene Hackman quem me destrói em cada uma de suas aparições: quanta frustração por um amor que não se concretiza. Ao rever a amada anos depois (mesmo que num sonho desta), ele teme ouvi-la dizer que se arrependeu por não ficar com ele. Imaginem que coisa linda e triste: ouvi-la dizer que deveria ter ficado com ele provocaria dor em vez de júbilo. Só um artista maduro seria capaz de perceber isso. E Woody Allen, claro, percebeu. 5/5
Alex Gibney usa o livro de Lawrence Wright como base para um documentário devastador sobre a Igreja da Cientologia, seu líder máximo David Miscavige, seus garotos-propaganda Tom Cruise e John Travolta e, claro, seu criador L. Ron Hubbard. Trata-se de um filme tão bem argumentado – contando, para isso, com depoimentos de importantes ex-membros – que se torna difícil imaginar como a Igreja conseguirá responder satisfatoriamente às denúncias aqui apresentadas. 4/5
Uma fotografia belíssima a serviço de um filme que confunde um tom contemplativo e uma narrativa existencialista com... o mais absoluto tédio. Eu até poderia escrever mais sobre esse filme, mas não szzzzzzzzzzzzz. 1/5
Zak Penn é um roteirista talentoso que, depois de ter dirigido dois mockumentaries (ambos trazendo ninguém menos do que Werner Herzog como ator), aqui dirige um documentário que conta com o mesmo divertido senso de humor de seus projetos anteriores. Usando como pano de funda uma escavação para descobrir se realmente milhões de cartuchos de Atari do jogo “E.T.” foram enterrados no deserto pela empresa, Penn reconta a trajetória do console e tenta apontar as causas de seu colapso, entrevistando figuras-chave da época em um longa objetivo e interessante, ainda que soe superficial na maior parte do tempo. 3/5