Apresentando o espectador a uma pequena comunidade fundada para abrigar predadores sexuais condenados por crimes contra menores de idade (já que a lei norte-americana proíbe que estes residam nas proximidades de escolas, igrejas e parques), o documentário dirigido por um casal sueco se entrega à difícil e desconfortável tarefa de humanizar homens e mulheres condenados por pedofilia – mas o fato de a tarefa ser difícil ou desconfortável não a torna menos digna, já que o filme se esforça para demonstrar que, por mais que queiramos enxergar certas pessoas como “monstros”, a realidade é bem mais complexa do que isto. Assim, acompanhar os relatos de indivíduos que normalmente veríamos como seres unidimensionais é algo que nos obriga a enxergar a humanidade por trás destes (o que, claro, não diminui a gravidade de seus crimes) e, neste sentido, o documentário é bem-sucedido. Por outro lado, ele não parece ter muito mais a dizer além de “vejam, são pessoas”, o que representa, no mínimo, um desperdício de oportunidade. 3/5
Conseguindo evitar que as reencenações, normalmente uma praga em documentários, prejudiquem o filme, este projeto resgata uma passagem curiosa da história recente da Índia para escancarar os abusos, a corrupção e o jogo de interesses dos governos indiano e britânico, ilustrando como a falta de transparência na diplomacia acabou trazendo consequências devastadoras para as vidas de um ex-agente da inteligência e de um ativista dinamarquês bem intencionado, mas determinado a investir numa solução pavorosa para ajudar aqueles que eram oprimidos pelas autoridades de Nova Déli. Ainda assim, o excesso de tangentes compromete o ritmo do documentário, o que é uma pena. 3/5
Drama construído a partir das inseguranças (financeiras, amorosas, físicas) de três personagens bem vividos por seus intérpretes, esta produção sueca busca discutir a atual disparidade econômica entre Suécia e Noruega e o impacto que esta exerce sobre cidadãos dos dois países, que subitamente se veem numa situação de disputa de classes até então inédita em suas relações. No entanto, por melhor que a protagonista seja construída, os dilemas enfrentados pelos demais personagens soam esquemáticos e mal resolvidos, enfraquecendo a proposta da obra. 3/5
Por mais desgastado que o subgênero mockumentary esteja, ao menos aqui a ideia é usar uma premissa absurda para extrair humor justamente do conflito entre a abordagem supostamente documental e a natureza fantástica dos personagens. Além disso, boa parte do humo do filme é realmente inspirada, não dependendo apenas da estrutura para funcionar. 3/5
Documentário de partir o coração, este filme é mais do que um tributo a Aaron Swartz; é também um grito de alerta sobre o sistema corrompido sob o qual todos vivemos e que encara a “democracia” como algo que só é realmente “democrático” se você tem dinheiro e poder. Acompanhar a trajetória de Swartz é perceber como sua tragédia foi pensar – um crime num mundo que cada vez mais tenta coibir a criatividade e a liberdade intelectual. 4/5
Uma animação adorável que, mesmo um pouquinho menos rebuscada em seus detalhes do que o costumeiro nos trabalhos da Ghibli, é suficientemente encantadora ao criar um universo e uma história que inquietam na medida certa, divertindo sem assustar os espectadores menores. 4/5
Os efeitos mecânicos e prostéticos envelheceram surpreendentemente bem (o que, aliás, costuma ser o caso), mas, mais importante do que isso, o filme continua a funcionar em seu esforço para criar um clima de paranoia crescente, levando o espectador a um desconforto quase físico que poucos trabalhos conseguem provocar. 4/5
Em seu longa de estreia, Danny Boyle exibe uma segurança surpreendente ao construir um clima de paranoia e tensão crescente a partir de uma trama simples e até mesmo formulaica. Enriquecem o filme também as performances do trio principal, que concebe seus personagens de maneira clara, mas com espaço importante para manter o espectador sempre incerto acerca das intenções daqueles indivíduos. 4/5
Uma ficção de viagem no tempo simples em execução, mas bem realizada conceitualmente, este longa australiano ainda tem o bom humor ao seu lado. Por outro lado, a pequena escala da produção, que certamente ditou o alcance do roteiro, acaba limitando a ideia, que aos poucos se torna repetitiva e consequentemente previsível. 3/5
Tolo, óbvio e sem graça, é um filme que tenta sobreviver a partir da estupidez de seus personagens, mas que não consegue sequer criar uma única gag interessante com sua galeria de personagens históricos, o que é um feito. Além disso, é machista a ponto de presentear os heróis com duas garotas como recompensa por seus feitos. Não consigo compreender como esta “comédia” pode ter se tornado tão querida por tantos. 1/5