Ti West, um diretor que estou apreciando cada vez mais, adota uma abordagem cada vez mais incomum em filmes do gênero, investindo os dois primeiros atos na criação de personagens críveis e multifacetados e de um universo realista antes de mergulhar nos sustos e no terror – e, mesmo então, sem jamais abandonar a coesão na construção da protagonista. 4/5
O primeira longa de ficção de Antonioni é um drama com toques noir que traz uma fotografia memorável e um elenco capaz de dar vida a personagens mais complexos do que podemos pensar a princípio. Infelizmente, a trama é também das mais previsíveis, colocando a mise-en-scène a serviço de uma história tolinha. 3/5
Embora os realizadores tenham obviamente contado com a cooperação dos responsáveis pelo centro de tratamento que basicamente mantém jovens “viciados em Internet” presos numa rotina militar, o documentário não se beneficia deste acesso para criar um retrato interessante sobre um mal moderno. Em vez disso, muitas vezes parece funcionar quase como um “infomercial” para os tais centros, mas nem mesmo de forma minimamente interessante. Para piorar, os jovens acompanhados pelo documentário são aborrecidos e monotemáticos, tornando tudo ainda mais entediante. 2/5
O clima de amadorismo da produção, que reflete de maneira curiosa o trabalho da equipe dentro do próprio filme, oferece uma camada adicional de ironia e metalinguagem – mas também compromete a eficácia do longa. John Waters tem uma energia própria e seus atores parecem estar se divertindo a valer, o que é ótimo, mas há vários momentos em que a impressão é a de que teria sido mais bacana participar do projeto do que assistir ao seu resultado. 3/5
A pior maneira de se assistir a A Idade do Ouro é tentando decifrá-lo – o que seria uma tarefa não só exaustiva, já que cada plano parece trazer duzentos simbolismos, mas também inútil, já que é bastante provável que boa parte destes “simbolismos” sejam apenas resultado das ideias de Buñuel e Dalí acerca do que ficaria interessante na tela e ajudaria a criar uma atmosfera onírica intensa. Sim, há instantes em que as alegorias se tornam claras (como o burguês com o rosto coberto de moscas), mas há vários outros nos quais o diretor busca mesmo testar novas formas de levar o público a experimentar o Cinema. E o que importa é que, mesmo indecifrável, o filme jamais deixa de ser fascinante. 5/5
Capaz de exibir uma doçura que normalmente atribuímos mais a Chaplin do que a ele, Buster Keaton aqui cria uma narrativa cujas piadas se encontram em boa parte dependentes do amor que seu personagem desenvolve por uma vaca, o que é notável (pensem em um O Garoto, mas com um bovino no lugar da criança). Repleto de gags memoráveis e inspiradíssimas, o filme é um dos pontos altos da carreira de seu realizador mesmo não sendo tão lembrado quanto A General, Marinheiro de Encomenda ou Sherlock Jr. 5/5
Que o título não engane os fãs do gênero: os zumbis deste filme nada têm a ver com aqueles eternizados por Romero. Na realidade, esta produção dos irmãos Halperin envelheceu terrivelmente mal, sendo que vários de seus momentos supostamente aterrorizantes agora servem apenas para provocar risos (embaraçados ou não). E se os atores se mostram pavorosos (especialmente o galã John Harron), Bela Lugosi, aproveitando a fama de sua fase pós-Drácula, surge numa canastrice constrangedora como o vilão. Ainda assim, o filme diverte. Mesmo que pelos motivos errados. 3/5
Fugindo dos vampiros que protagonizaram todos os seus filmes anteriores, Jean Rollin ainda assim comprova, aqui, sua marca como um diretor de terror diferente do habitual: além da bela fotografia (algo ao qual ele sempre dedicou atenção), este A Rosa de Ferro usa a premissa (que muitos empregariam para um horror comum) a fim de construir uma narrativa mais preocupada com a atmosfera do que com uma trama. Sim, o ritmo é problemático – especialmente na longa sequência de dança final -, mas o tom de pesadelo é sempre envolvente. 4/5
Remetendo mais a uma novela pouco inspirada do que ao drama de época multifacetado que pretende ser, o filme é um melodrama aborrecido que só não merece o esquecimento completo por trazer um Ricardo Darín que aqui começava a encontrar o reconhecimento internacional que tanto merecia (mas cuja trajetória poderia ter sido facilmente prejudicada por este equívoco). 2/5
O roteiro acaba sendo mais previsível do que julga ser, mas o diretor estreante consegue criar uma atmosfera suficientemente inquietante para manter o espectador envolvido e – o mais importante – tenso na maior parte do tempo. 3/5